Enquanto lutam contra a morte, menores são humilhados e extorquidos pela própria pátria. Onde está a compaixão?
Publicado • 10/06/25 às 00:43h
Eles atravessaram países com um único propósito: salvar a vida de seus filhos. Famílias bolivianas, com crianças em luta contra o câncer, chegaram a São Paulo carregando esperança – e foram recebidas com crueldade. No Consulado da Bolívia, onde deveriam encontrar apoio de sua própria pátria, encontraram descaso. Onde mereciam solidariedade, enfrentaram humilhação. Enquanto cada centavo deveria ir para remédios e tratamentos, foi roubado por burocracias desumanas. Isso não é falha administrativa – é violência institucional.
Em 2024, cinco pais bolivianos expuseram este crime silencioso. Seus depoimentos cortam a alma: enquanto crianças lutam contra a morte, o Consulado asfixia suas famílias com cobranças abusivas, atendimento desumano e total abandono. Até quando vidas serão sacrificadas pela ganância e incompetência? Este não é um relato – é um grito de socorro que o mundo precisa ouvir.
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“Parece Que Enviam Nossas Crianças para Morrer no Brasil”
Cinco pais bolivianos, cujos nomes são omitidos por segurança, relataram à reportagem um cenário de abandono institucional e negligência médica.
“Na Bolívia, não temos encaminhamento. Os médicos só dizem: ‘Vão para o Brasil ou Argentina’”, conta uma mãe. “Chegamos com um papel escrito à mão com o endereço do Hospital Santa Marcelina, sem saber português, sem saber para onde ir.”
As passagens humanitárias da Boliviana de Aviación (BoA), que deveriam ser liberadas imediatamente em casos de vida ou morte, demoram semanas, meses para serem concedidas. “Enquanto isso, meu filho piora”, desabafa um pai.
Profissionais de saúde brasileiros confirmam o descaso: “As crianças só chegam aqui nos piores estágios. Parece que esperam que estejam à beira da morte para mandá-las.”
Um dos pais, fora das câmeras, foi ainda mais direto: “Parece que enviam nossas crianças para morrer no Brasil.”
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O Abismo Entre o Tratamento na Bolívia e no Brasil
Enquanto na Bolívia o atendimento é frio, apressado e desumano, no Brasil, os pais encontram acolhimento, explicações detalhadas e respeito.
“Lá, os médicos nem olham na nossa cara. Aqui, eles lembram o nome do meu filho, explicam cada procedimento, usam até tradutor no celular para que a gente entenda”, relata uma mãe.
O Instituto Luz do Amanhã oferece moradia, alimentação e orientação documental para famílias que chegam sem nada. “No hospital, a assistente social nos encaminha direto para cá. Aqui, conseguimos regularizar documentos, transporte gratuito e até cesta básica”, explica um pai.
Mas a ajuda brasileira evidencia ainda mais a falha boliviana. Por que o Estado Boliviano não age? Por que os médicos não tratam essas crianças a tempo?
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O Desprezo no Consulado Boliviano: “Nos Tratam Como Se Fôssemos Invisíveis”
Se já não bastasse a luta contra o câncer, as famílias enfrentam humilhação no próprio consulado boliviano em São Paulo.
“Os atendentes nos olham com desprezo, como se fôssemos um incômodo”, denuncia uma mãe.
Cobram por documentos que deveriam ser gratuitos, sabendo que os pais de uma criança com câncer não trabalham e vivem de doações. “Gastamos todo o dinheiro que tínhamos nos documentos cobrados pelo Consulado”, afirma um pai.
“Falamos que nosso filho tem câncer, e eles nem reagem”, relata outro, com lágrimas nos olhos.
Felizmente, no CRAI, no CAMI e na Polícia Federal, o tratamento é diferente: “Lá, somos atendidos com humanidade. Não pagamos nada pelos documentos, por nossa situação vulnerável.”
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A Sociedade Paulistana Exige Justiça!
Enquanto vidas se esvaem, o consulado cobra. Enquanto pais choram, o consulado ignora. Cadê a assistência social? Cadê a compaixão? Isso não é apenas negligência – é um crime contra a dignidade humana!
Essas famílias não pedem esmola. Pedem respeito. Pedem que o Consulado da Bolívia em São Paulo cumpra seu dever. Porque enquanto burocratas viram as costas, crianças lutam contra o tempo.