Bolivianos em SP enfrentam desinformação para votar nas eleições gerais de 2025

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Falta de comunicação do consulado e órgãos eleitorais deixa imigrantes sem saber onde votar; procura pelo local de sufrágio marcam prévias do pleito

São Paulo • 16/08/25 às 21:41h
Atualizado • 16/08/25 às 22:19h

São Paulo,Entre os 369 mil bolivianos habilitados a votar no exterior nas Eleições Gerais da Bolívia, 47.623 estão no Brasil, sendo 45.959 apenas no estado de São Paulo. Apesar do número expressivo, a comunidade enfrenta dificuldades para exercer o direito ao voto, desde o “empadronamiento” (cadastramento) até a localização dos locais de votação.

No sábado, 16 de agosto, véspera das eleições, centenas de bolivianos procuram nas redes sociais a informações sobre onde poderiam votar. Muitos, mesmo inscritos, não receberam orientações claras da Organização Electoral Plurinacional (OEP) ou do próprio consulado. “Não sei para onde ir, ninguém nos avisou direito”, queixou-se Julia M., trabalha numa oficina de costura, procurando informações no contato da redação do Bolívia Cultura.
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Falta de estrutura e desorganização

O processo de empadronamento (cadastro eleitoral) foi marcado por filas intermináveis, obrigando trabalhadores a madrugarem nas portas do consulado em SP. “Perdi um dia de trabalho para me registrar, e agora não sei se meu voto vai valer”, desabafou Carlos R., enfermeiro há 12 anos no Brasil.

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A desinformação parece ser sistêmica. Enquanto o governo boliviano destacou a ampliação do eleitorado no exterior, com 55.593 novos votantes registrados, não houve campanhas eficientes para orientar a diáspora. O vice-ministro das Relações Exteriores, Fernando Pérez Cárdenas, afirmou que as embaixadas e consulados apenas “apoiam” o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), responsável pelo pleito. Mas, na prática, os eleitores ficaram sem saber a quem recorrer.

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Voto concentrado em cinco países

O Brasil é o terceiro país com mais eleitores bolivianos, atrás apenas de Argentina e Estados Unidos. Gustavo Ávila, vocal eleitoral da OEP, destacou que 95% do eleitorado no exterior está em cinco nações: Argentina, Brasil, Chile, Espanha e EUA. Mesmo assim, a logística falhou em São Paulo, onde a comunidade é numerosa mas dispersa.

Neste domingo (17), as urnas serão abertas em 154 locais de votação, espalhados por 22 países. A expectativa é de alta participação, mas o desânimo entre bolivianos em SP é palpável. “Quero votar, mas se o governo não se importa com a gente, por que eu me importaria?”, questionou Maria, que desistiu após tentar por horas instalar o aplicativo da OEP no celular.

Enquanto o resultado das eleições é aguardado, fica a lição: a democracia precisa ser acessível, para os bolivianos no Brasil, ela ainda está distante.

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