Da Vivência à Academia: Saber Ancestral Boliviano Ilumina Pesquisas na USP

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Antonio Andrade, criador de projeto referência mundial em cultura boliviana, orienta projeto na USP que humaniza a migração por meio da arte e da arquitetura

São Paulo • 05/10/25 às 15:19h

Em São Paulo, um encontro entre a tradição e a academia está redesenhando a maneira como a migração boliviana é compreendida e representada. Na noite de segunda-feira, 29 de setembro, a sala de aula da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) recebeu uma presença que transcende os livros: Antonio Andrade, fundador do projeto Bolívia Cultural, uma iniciativa criada por imigrantes que se tornou referência global.

Há mais de 15 anos, Andrade constrói uma ponte digital e afetiva entre culturas. Seu trabalho, reconhecido e premiado internacionalmente, não é apenas sobre disseminar informação; é sobre garantir que a identidade boliviana seja contada por quem a vive. Foi essa referência, forjada na experiência do projeto EU AMO BOLÍVIA (decimando em centros educativos no Brasil), foi este expertise que ele trouxe para orientar sete grupos de alunos do curso de extensão “Migração Boliviana em SP”.

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Os estudantes, que desenvolverão vídeos de cinco minutos para uma exposição no Centro MariAntonia da USP em 2025, encontraram em Andrade mais do que um consultor. Encontraram um guardião de histórias. Ele ouviu e acompanhou detenidamente os projetos em construção, oferecendo uma perspectiva interior, a “própria visão e identidade que só pode ser percebida por um boliviano que vivenciou a migração no estado de São Paulo”, como destacou um dos participantes.

Para o Professor Doutor Ivo Renato Giroto, do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU-USP, a parceria conquistada com o Bolívia Cultural é fundamental. “O acervo intelectual e histórico da plataforma gera um norte ao projeto. Permite que os estudantes produzam conteúdos com maior expertise social, cultural e, sobretudo, humano, respeitando a identidade das culturas bolivianas que ajudam a construir a sociedade paulistana há muitos anos”, afirmou Giroto.

Com uma linguagem simples e envolvente, Andrade falou sobre estética, história e as particularidades das migrações bolivianas. Sua fala ajudou a desfazer preconceitos, muitas vezes alimentados por narrativas midiáticas reducionistas ou comentários na internet, que tendem a mistificar e apagar a riqueza incalculável dessa comunidade no tecido laboral e cultural paulistana.

“A oportunidade é única e deve ser muito bem aproveitada, pois estes estudantes são o presente e futuro de um Brasil multicultural”, refletiu Andrade. E, com a voz carregada de uma missão que vai além do profissional, ele compartilhou: “Como imigrante, detentor do conhecimento da nossa história e origem, é nossa obrigação gerar conteúdo e ser suporte da educação do Brasil. É a única forma de construir um futuro com menos discriminação e violência contra uma sociedade imigrante boliviana digna e forte”.

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Ao final, Andrade, confessou: Tenho orgulho da minha história, da minha cultura. Foram momentos de alegria e superação do meu “Ajayu” (espírito, em aimará). Poder trocar estas energias com jovens de vários países, em sua maioria brasileiros, todos com os olhos brilhando de paixão… Isso não tem preço”.

E, naquela sala de aula, o conhecimento acadêmico e o saber vivido se entrelaçaram, prometendo dar à luz narrativas onde, finalmente, a migração boliviana será contada com a dignidade de quem a escreve com a própria vida.

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