Falta de Comunicação em Mudança de Data de Festa Boliviana Deixa Famílias Paulistanas Frustradas

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Mudança repentina de data e local do festival boliviano pegou público de surpresa, revelando falhas graves na comunicação.

São Paulo • 12/08/25 às 18:23h
Atualizado • 12/08/25 às 21:27h

Evento que já conquistou espaço no calendário cultural paulistano desconsiderou seu principal aliado: o público paulistano que sustenta a cultura na cidade: O Fé & Cultura 2025, festival que celebra as tradições bolivianas e já se tornou parte da identidade cultural de São Paulo, protagonizou um dos maiores descasos com seu público este ano. A mudança de hora no local e na data do evento, comunicada apenas na manhã do dia 9 de agosto, quando centenas de pessoas já estavam a caminho da Praça Heróis da FEB, em Santana, revelou uma grave falha na relação entre organizadores e o público paulistano.

Associação Cultural Folclórica Bolívia Brasil (ACFBB), responsável pelo evento, promove uma das festas mais vibrantes da comunidade boliviana no Brasil, atraindo não apenas imigrantes, mas também paulistanos que abraçaram a riqueza dessa manifestação cultural. No entanto, a falta de transparência na comunicação manchou uma celebração que deveria ser sinônimo de integração principalmente no ano do Bicentenário da Bolívia.

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O Peso do Público Paulistano na Cultura

São Paulo, maior consumidora de eventos culturais do país, exige organização à altura de sua diversidade. O Fé & Cultura não é apenas uma festa da comunidade boliviana, é um evento da cidade, financiado indiretamente por seu público, que lota praças, gera movimento no comércio e movimenta a economia do turismo local. Quando a organização falha em comunicar mudanças, não está decepcionando apenas um grupo, mas toda uma cadeia de expectativas: de pais que planejam passeios com os filhos a professores que organizam excursões escolares como parte do aprendizado multicultural.

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“Não é só uma questão de logística, é uma questão de respeito”, afirma Claudio Flores, frequentador do evento há uma década. “Muitos de nós, brasileiros, vamos para celebrar junto, para aprender sobre a cultura boliviana. Quando a organização age assim, parece que nosso apoio não importa.”

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Relatos de Quem Foi Deixado Para Trás

*Maria Medina, filha de pais bolivianos, é uma das que se sentiram ignoradas: “Meu pai é de Santa Cruz, e essa festa é nossa chance de manter viva a conexão com nossas raízes. Gastamos dinheiro com transporte, ajustamos a rotina, e chegamos a um local vazio”

Já o professor *Daniel, que organizou uma excursão com alunos de Santos, evitou um fiasco por pura insistência: “Tive que ligar para o Bolívia Cultural porque o site da ACFBB não atualizava nada. Se não fosse isso, teríamos viajado à toa.” Outros grupos, porém, não tiveram a mesma sorte, crianças de escolas públicas e turistas de cidades do interior chegaram ao local sem saber que o evento havia sido remarcado.

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O Custo da Desinformação

O portal Bolívia Cultural (BC), principal veículo de difusão da cultura boliviana no Brasil e referência para educadores e pesquisadores, só foi formalmente informado sobre as alterações na manhã do evento. Antonio Andrade, editor-chefe do site, revela: Nossa redação atua como ponte entre os organizadores e um público qualificado – majoritariamente professores que incluem o evento em projetos pedagógicos e famílias que planejam suas agendas com antecedência. Quando não há comunicação oficial tempestiva por parte dos realizadores, somos impedidos de cumprir nosso papel informativo, e as consequências acabam atingindo justamente quem mais valoriza esse tipo de manifestação cultural.”

A advogada Carla Mendes, especialista em direito do consumidor, ressalta que, mesmo em eventos gratuitos, há um dever ético de comunicação:

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“O artigo 6º do CDC garante informação clara. Se um evento é divulgado publicamente, alterações devem ser amplamente comunicadas, principalmente quando envolvem deslocamento de pessoas.”

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Risco de Perda de Credibilidade

O Fé & Cultura demorou anos para se consolidar no calendário cultural paulistano. Agora, corre o risco de perder parte desse reconhecimento. Judith Sinaniz, presidente da ACFBB, foi contactada pela reportagem, mas não se manifestou oficialmente sobre os transtornos. O silêncio só aumenta a frustração.

Nas redes, a decepção é evidente: “Todo ano vou com minha família, mas depois desse descaso, não sei se volto”, comenta um seguidor. Outros apelam por profissionalismo: “A cultura boliviana merece respeito. Se queremos que os paulistanos continuem apoiando, a organização precisa fazer sua parte.”

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Nova Data e Local

O evento foi remarcado para 13 de setembro, no Parque do Trote. Mas, depois do ocorrido, muitos ainda hesitam em confirmar presença. A lição é clara: em uma cidade que respira cultura como São Paulo, informação não é um detalhe, é um compromisso. Se o Fé & Cultura quer continuar sendo uma ponte entre Brasil e Bolívia, precisará reconquistar a confiança do público que, até agora, foi seu maior aliado.

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