Sociólogo boliviano traz à FAU-USP olhar imersivo sobre migração para inspirar projetos de design

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Um olhar sociológico fundamental para inspirar projetos do design que celebram, e não apenas representam, a comunidade boliviana em São Paulo.

São Paulo • 16/09/25 às 19:40h.
Atualizado • 16/09/25 às 20:12h.

Na noite da última segunda-feira, 15 de setembro, as bancas de maquetes e as mesas de desenho da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) deram lugar a um debate profundo e necessário. Sob o convite do professor Ivor Giroto, o sociólogo boliviano Eduardo Schwartzberg conduziu uma aula especial que foi muito além de uma palestra. Foi uma imersão acadêmica fundamental, um mergulho nas histórias, números e almas que compõem a maior migração contemporânea do Brasil: a boliviana.

Doutorando no Programa de Mudança Social e Participação Política da própria USP, Schwartzberg não se limitou a apresentar dados. Ele teceu um panorama vivo, conectando a história interna da Bolívia com os fluxos migratórios para São Paulo. Com a autoridade de quem pesquisa o tema a fundo, iluminou as complexas dimensões econômicas, como o impacto das remessas enviadas aos familiares, e políticas, como o poder do voto no exterior. Essa base conceitual, ancorada na sociologia da imagem e no conceito aimará ch’ixi (desenvolvido por Silvia Rivera Cusicanqui), ofereceu aos futuros designers uma lente única para enxergar a cidade.

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Eduardo Schwartzberg conduziu uma aula especial que foi muito além de uma palestra. Um verdadeiro diálogo com a sala atenta, transformando teoria em uma conversa cheia de insights. – Foto: Acervo pessoal.

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A importância de receber um especialista como Schwartzberg foi crucial. Mais do que qualquer livro texto, a aula trouxe uma perspectiva autêntica e interna, humanizando uma população frequentemente estereotipada ou invisibilizada. Para alunos cujo trabalho literalmente molda o espaço urbano, entender a cultura, os desafios e as aspirações da comunidade boliviana é o primeiro passo para criar projetos que sejam inclusivos, respeitosos e verdadeiramente significativos.

A teoria ganhou vida em um exercício prático de interpretação de fotografias, que gerou um debate sobre ética, representação e os limites tênues entre documentar e invadir a privacidade do outro. Em uma sala com alunos de diversas nacionalidades, brasileiros, espanhóis, franceses, a discussão incursionou pelo próprio tema: a globalização vista não como abstração, mas como um encontro de pessoas reais.

O encerramento foi um incentivo. Schwartzberg desafiou os alunos a levarem essa reflexão crítica para seus trabalhos visuais, que serão expostos em breve no Centro MariAntonia. O próximo passo de produção já está marcado: na próxima segunda-feira, os sete grupos de trabalho, formados numa rica imersão que passou pela Feira Coimbra, pelo evento Folclórico Fé & Cultura e pela eleição da Miss Cochalita 2025 na Praça Kantuta, apresentarão seus projetos em fase conceitual. A orientação será de outro nome fundamental, o boliviano Antonio Andrade, criador do Projeto Bolívia Cultural.

A noite na FAU-USP deixou claro que as melhores comunicações conceituais do design não nascem apenas do talento com as formas, mas da coragem de mergulhar na complexidade humana. E, nesse sentido, a voz de Eduardo Schwartzberg foi uma bússola indispensável.

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