Em Audiência Pública, Vítimas de Trump narram horror e Brasil se prepara para defender direito de migrar

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Evento na Câmara de SP coletou relatos de violações contra brasileiros nos EUA para conferência no México; “Migrar não é delito, é direito humano”, afirma vereadora Luna Zarattini (PT)

São Paulo • 27/08/25 às 10:22h

São Paulo – O Auditório Prestes Maia, na Câmara Municipal de São Paulo, transformou-se na noite de terça-feira (26) em um palco de coragem e denúncia. Mais do que um debate político, a Audiência Pública “Migrar é um Direito, não um Delito” deu voz central a quem viveu na pele as consequências brutais de políticas anti-imigração. O evento, que prepara a participação brasileira para a Conferência Continental no México em setembro, escutou histórias que expuseram as atrocidades cometidas durante o governo de Donald Trump contra imigrantes brasileiros.

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Assista a Reunião Semipresencial: Migrar é um Direito, não um Delito

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A afirmação “migrar não é um delito!”, dada como diretriz pela vereadora Luna Zarattini (PT), organizadora do evento, implacou no plenário entre relatos de famílias separadas, deportações traumáticas e um clima de medo institucionalizado. “Todas as denúncias irão encorpar as demandas do Estado brasileiro para a audiência intercontinental”, garantiu a parlamentar, destacando que a queda no número de imigrantes brasileiros nos EUA, um fenômeno inédito em décadas – não é um mero dado estatístico, mas o resultado direto de um projeto desumano.

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A discussão, desta vez, não foi feita apenas sobre os imigrantes, mas com eles. Lideranças comunitárias trouxeram para a mesa a realidade crua das comunidades. Fedo Bacourt, da União Social dos Imigrantes Haitianos, e Constance Salawe, do Conselho Municipal do Imigrante (CMI), falaram sem rodeios sobre os desafios cotidianos: a burocracia que paralisa, a luta por um trabalho digno e a batalha constante por acolhimento e respeito. Suas vozes garantiram que o debate saísse do teórico e atingisse o coração da urgência humana.

Em um momento global onde narrativas de ódio e criminalização dos que buscam uma vida melhor ganham força, o evento em São Paulo ergueu-se como um contraponto firme de solidariedade. Com a presença de entidades históricas na defesa de direitos, como a CDHIC e o CAMI, a audiência teve um objetivo claro: fortalecer as redes de proteção e garantir que o acesso pleno à cidadania seja uma realidade para todos que escolhem o Brasil para recomeçar.

A mensagem que segue do Brasil para o continente é clara e incontestável: migração não é caso de polícia, é um direito humano fundamental. E na terça-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, esse direito foi reafirmado não por discursos, mas pelas histórias de quem o teve violado e, mesmo assim, resiste.

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Na ausência dos grandes veículos, o registro do evento histórico ficou a cargo do ‘Bolívia Cultural’, meio oficial produzido por imigrantes

Enquanto relatos cruciais sobre violações de direitos humanos nos EEUU preenchiam o plenário, a ausência dos grandes veículos de comunicação destacou-se de forma marcante.

Na ausência da mídia tradicional, coube ao Bolívia Cultural, meio de comunicação oficial da comunidade boliviana no Brasil, o papel de registrar o evento histórico. Produzido por e para imigrantes, o veículo comunitário assumiu registrar as vozes da realidade migratória global garantindo que não se perdessem no esquecimento.

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A cobertura solitária do Bolívia Cultural transcendeu o jornalismo convencional, transformando-se em um ato de preservação da memória e dignidade de sua comunidade. Sua presença no evento tornou-se a mais poderosa demonstração de que, quando a grande imprensa falha em sua função social, a própria comunidade se levanta para narrar sua história.

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