Crise de cárie em crianças bolivianas reflete desafios migratórios e de saúde pública em São Paulo

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Estudo aponta que 89% da população boliviana sofre com cárie na Bolívia; problema se repete entre filhos de imigrantes em escolas paulistanas

São Paulo • 22/07/25 às 20:08h

Um estudo realizado em 2023 pela Organização Panamericana da Saúde (OPS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou um dado alarmante: 9 em cada 10 bolivianos têm cárie dentária na Bolívia, colocando o país como o segundo com maior incidência da doença na América do Sul, atrás apenas do Paraguai. Esse cenário, agravado pela falta de políticas preventivas e acesso limitado a tratamentos odontológicos na Bolívia, agora se reflete em outra frente: as salas de aula da rede pública de São Paulo, onde crianças bolivianas imigrantes apresentam índices preocupantes de problemas bucais.

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Raízes do problema: negligência e falta de prevenção na Bolívia

De acordo com Lady Mollinedo, vice-presidente do Colegio Nacional de Odontólogos de Bolivia, a população boliviana só busca atendimento odontológico em casos de dor extrema, quando muitas vezes a extração é a única solução. “A saúde começa pela boca. Se não há boa mastigação, surgem problemas estomacais; se há infecção, pode levar a complicações cardíacas ou pulmonares”, alerta.

Com apenas 16 equipes móveis de saúde bucal em todo o país – que realizam majoritariamente extrações, não prevenção –, as cáries se tornaram uma epidemia silenciosa, principalmente em crianças. “Aos sete anos, muitas já perderam molares essenciais para a mastigação”, lamenta Mollinedo.

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O reflexo em São Paulo: crianças imigrantes em situação de vulnerabilidade

Em bairros tradicionais paulistanos, onde há grande concentração de famílias bolivianas, escolas públicas relatam casos frequentes de alunos com dores dentárias, abscessos e dificuldades de aprendizado devido à saúde bucal precária.

“Muitas famílias trazem consigo os mesmos hábitos de cuidado tardio, somados às barreiras de acesso a dentistas no Brasil”, explica uma assistente social da rede municipal. A falta de orientação sobre higiene bucal e a dieta rica em açúcares – comum em comunidades migrantes que trabalham longas horas em confecções, agravam o quadro.

Enquanto a Bolívia debate como sair do topo do ranking negativo de cárie, São Paulo enfrenta o desafio de acolher (e curar) as consequências dessa crise em seu território. A resposta, concordam experts, está na intersecção entre saúde pública e direitos migrantes.

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Dados que exigem ação:

  • 89% dos bolivianos (na Bolívia) têm cárie (OMS, 2023);

  • Crianças com cárie têm 3x mais chances de faltar à escola (Journal of Public Health Dentistry);

  • A Maioria Massiva de famílias bolivianas em SP não têm plano odontológico (Instituto Saúde e Migração, 2024).

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