Amazônia Boliviana Envenenada: Mercurio da Mineração Ilegal Contamina o Sangue das Mulheres Indígenas

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Estudo inédito comprova níveis tóxicos do metal em mais de 90% das mulheres examinadas, enquanto mineração ilegal se consolida como um poder inexpugnável no país.

São Paulo • 04/11/25 às 14:55h

Um silencioso e invisível veneno assombra as comunidades indígenas da Amazônia boliviana. Um estudo pioneiro, conduzido por universidades da Bolívia e da Colômbia, trouxe à tona uma realidade alarmante: o mercúrio utilizado pela mineração ilegal de ouro já contaminou o organismo da maioria das mulheres das etnias que vivem às margens dos rios Beni e Madre de Dios.

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Foto: Naciones Unidas

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Os números são contundentes e falam de uma crise de saúde pública. De acordo com o médico investigador Jesús Olivero Verbel, da Universidade de Cartagena, mais de 90% das mulheres avaliadas apresentam concentrações de mercúrio no corpo que ultrapassam todos os limites considerados seguros pelas agências internacionais. “Os resultados sugerem um papel determinante deste contaminante no seu bem-estar”, alerta o especialista.

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A rota do envenenamento é clara para a ciência. O mercúrio, usado para separar o ouro do sedimento, é despejado nos rios, contaminando a água e, consequentemente, a cadeia alimentar. Os peixes, base da dieta dessas populações, registraram concentrações do metal de até 20 partes por milhão (ppm), um valor vinte vezes superior ao limite máximo de 1 ppm recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

O custo humano dessa contaminação já é mensurável. O estudo identificou um impacto direto na saúde dessas mulheres, que apresentam glóbulos vermelhos significativamente abaixo da média e níveis reduzidos de hemoglobina. Embora isso aponte para um déficit nutricional de ferro, o mercúrio permanece como o principal suspeito de desencadear e agravar estes problemas de saúde.

Enquanto a ciência documenta o drama, a solução esbarra em um muro de poder e impunidade. A Universidade Mayor de San Andrés (UMSA), em La Paz, propôs aos garimpeiros a adoção de tecnologias alternativas que não utilizam mercúrio e que, paradoxalmente, poderiam aumentar a produtividade. A proposta, no entanto, foi rejeitada.

Relatos do front socioambiental denunciam que os donos da mineração ilegal acumularam riquezas tão avultosas que se tornaram um poder “prácticamente intocable” no cenário político e econômico boliviano. Estima-se que mais de 80% desses garimpeiros atuam à margem da lei, operando sem concessões ou licenças ambientais.

Diante do quadro, a sociedade civil boliviana e organizações internacionais têm aumentado a pressão sobre o governo, cobrando ações efetivas para frear a mineração predatória e atender às populações intoxicadas. O grito por justiça ambiental na Amazônia boliviana, agora amplificado por dados científicos, clama por uma resposta urgente do Estado antes que o dano se torne irreversível.

fonte:
business-humanrights.org/es/

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