Sarnaqtanxa: Saberes Ancestrais Andinos Iluminam São Paulo em Encontro com Mama Elena

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“Não são ensinamentos, são lembranças”: Mama Elena reaviva sabedoria do Ajayu em ciclo formativo no Museu da Imigração

Publicado • 08/07/25 às 00:17h

Sob o teto do Museu da Imigração, espaço que guarda histórias de deslocamentos e resistências, outra narrativa de ancestralidade se fez presente no domingo (22/06). Mama Elena, guardiã da cosmovisão andina, e Tata Max conduziram uma jornada de reconexão durante o ciclo Sarnaqtanxa: Sabedoria e Pesquisa Indígena Andina, promovido pelo Centro Cultural Andino Amazônico. Entre folhas sagradas de coca (akulliko) e reflexões sobre o ajayu (espírito), a palestra transformou o auditório em um ayllu temporário, comunidade que transcende fronteiras geográficas.

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Coca, Tecidos e Memória

Com voz serena e gestos que carregavam o peso de gerações, Mama Elena desfez a ideia de “transmissão de conhecimento”. “Isso não é ensinamento. São lembranças que já habitam vocês”, afirmou, enquanto as folhas de coca circulavam entre os presentes, ritual que abre caminhos para o diálogo interior. Ela detalhou o papel da planta sagrada, longe dos estigmas coloniais, como mediadora de cura e equilíbrio, e explicou como os tecidos tradicionais andinos (awayosunkuñas) são “textos escritos com fios”, portadores de identidade e história.

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Do Buen Vivir às Capitais de Concreto

Em contraponto à frenética vida paulistana, Mama Elena falou sobre o Sumak Kawsay (Buen Vivir), filosofia que integra humanos e natureza em uma rede de reciprocidade. “As grandes cidades nos fazem esquecer que somos parte da Pachamama“, refletiu, ao abordar os desafios de manter vivos os saberes originários em contextos urbanos. Tata Max complementou: “São Paulo também é Abya Yala [termo indígena para as Américas]. Precisamos ocupar esses espaços com nossa voz”.

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O Público e os Próximos Passos

O evento atraiu pesquisadores, imigrantes andinos e curiosos, como Luís Arana, peruano radicado há dez anos no Brasil: “Revivi cheiros e cantos que minha avó me ensinava. É uma resistência silenciosa”. A organização anunciou novas edições do Sarnaqtanxa, com oficinas de línguas quéchua e aymara, reforçando o compromisso de “descolonizar o saber”.

Enquanto o sol se punha sobre a Mooca, Mama Elena encerrou com um preceito simples e profundo: “Quando cuidamos do nosso ajayu, cuidamos do todo”. Uma lição, ou lembrança, para levar além do domingo.

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