Um novo alvorecer para a Bolívia: imigrantes bolivianos veem na posse de Paz a esperança de reencontro com a pátria

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 De costureiros a médicos e engenheiros, a empreendedores da construção, a migração boliviana celebra a promessa de uma Bolívia globalizada, reacendendo a esperança de reconectar-se com a pátria após anos de distanciamento.

São Paulo • 08/11/25 às 20:18h
Atualizado • 08/11/25 às 20:36h

Enquanto a chuva fria paceña purificava a nome da Pachamama, nas palavras do novo presidente, caía sobre La Paz, um outro tipo de esperança umedecia os olhos de bolivianas e bolivianos espalhados pelo mundo afora. A posse de Rodrigo Paz Pereira, neste sábado 8 foi mais que uma cerimónia política; foi um raio de luz para uma diáspora que, durante anos, sentiu-se distante não apenas geograficamente, mas também emocionalmente de sua terra natal.

Em oficinas de costura e hospitais em São Paulo, em lojas em Madrid ou restaurantes e na construção civil em Washington, a transmissão ao vivo da tomada de posse foi acompanhada com um misto de expectativa e alívio. A promessa de Paz de enterrar “uma Bolívia isolada” e de rejeitar “ideologias fracassadas” transcendeu como uma melodia de zampoñas saudosas há muito esperada por quem sempre desejou contribuir para o crescimento do país, mas via as oportunidades murcharem pela falta de incentivo dos últimos governos.

“Construí minha vida aqui no Brasil, criei meus filhos, tenho meu pequeno negócio. Mas o coração sempre ficou lá”, compartilha *Ana Lúcia, dona de uma confecção no Brás, em São Paulo, que preferiu não revelar seu nome completo por ainda ter familiares na Bolívia. “Sempre foi nosso sonho poder investir lá, trazer o que aprendemos fora, abrir uma filial. Mas a burocracia e a sensação de que não éramos bem-vindos como investidores nos seguravam. A fala do presidente sobre globalização nos fez respirar fundo, pela primeira vez em muito tempo.”

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A crítica ferrenha de Paz ao legado dos governos de Evo Morales e Luis Arce, que ele descreveu como a pior crise em quatro décadas, com economia quebrada, inflação e um “monstro burocrático”, será lembrada na história com a experiência de muitos imigrantes empreendedores. Eles sentiram na pele o isolamento internacional do país, que se refletia em consulados subfinanciados e em dificuldades para formalizar investimentos e enviar recursos.

A esperança agora se materializa em expectativas concretas: uma chancelaria boliviana mais ativa no cenário global, a modernização dos serviços consulares, oferecendo um tratamento mais humanizado a milhões de famílias espalhadas pelo mundo, e, sobretudo, a criação de um ambiente propício para que o capital, o conhecimento e o espírito empreendedor da diáspora possam, finalmente, fluir de volta para a Bolívia.

O caminho, todos sabem, será árduo diante do “país devastado” que Paz afirma ter herdado. Mas para os que construiram suas vidas longe de casa, carregando a Bolívia no sotaque e no coração, este 8 de novembro não marcou apenas o fim de um ciclo político. Marcou o começo de uma possibilidade há muito acalentada: a de que, finalmente, possam trabalhar lado a lado com sua pátria para um futuro próspero, sem precisar escolher entre o sucesso no exterior e o amor pelo seu país.

Foto: © ANSA/EPA
Vídeo – Noticias Bolivisión Al Día

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