Ponto por Ponto: Costurando Dignidade e Resistência na Imigração

Coletivo Flor de Kantuta une mulheres bolivianas em São Paulo para construir, através da costura, um modelo de trabalho baseado em justiça e apoio mútuo.

São Paulo • 05/11/25 às 20:14h

Em uma sala compartilhada no edifício da Casa do Povo, no coração de São Paulo, o som das máquinas de costura se mistura ao ritmo do espanhol e, às vezes, ao doce som do quéchua ou aimará. Esse é o cenário do Grupo Flor de Kantuta, onde um coletivo de mulheres imigrantes, majoritariamente bolivianas, transforma linhas e tecidos em narrativas de resistência e autonomia.

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Longe de serem apenas costureiras, essas mulheres são empreendedoras que constroem, ponto a ponto, um modelo de trabalho alternativo ao da indústria da moda tradicional. O projeto, incubado pela Casa do Povo e apoiado por entidades como a Prefeitura de São Paulo e o Instituto Ecotece, nasceu da necessidade de criar relações laborais justas e de fortalecer uma rede de apoio essencial para quem chega a um novo país.

“A costura sempre foi uma porta de entrada para muitas de nós no Brasil, mas também pode ser uma armadilha de exploração. Aqui, decidimos criar nossa própria porta de saída”, compartilha uma das integrantes, que prefere não se identificar. O grupo funciona de forma colaborativa, dividindo encomendas, custos e saberes, garantindo que o fruto do trabalho seja repartido de maneira equitativa.

A kantuta, flor tricolor considerada símbolo nacional da Bolívia, não foi escolhida por acaso. Ela representa a diversidade e a união dessas mulheres, que carregam em seus trabalhos não apenas a técnica, mas também a força da sua identidade cultural. Cada peça produzida no ateliê carrega consigo uma história de migração, resiliência e a reafirmação de que é possível construir um futuro com bases solidárias, mesmo longe de casa. O projeto se ergue, assim, como um manifesto vivo, costurado no tecido social da cidade.

Fonte:
youtube.com/@_casadopovo