Além da Fronteira: Descaso do Consulado Boliviano em SP Atinge Também Cidadãos Brasileiros

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Relato de uma cidadã brasileira expõe negligência que afeta não só imigrantes, mas qualquer pessoa que precise do serviço, revelando a face de um Estado inoperante além de suas fronteiras.

São Paulo • 08/10/25 às 18:57h
Atualizado • 08/10/25 às 22:13
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A falha não é um acidente, mas uma rotina. A ineficiência não é uma exceção, mas a regra do Estado boliviano, que exporta sua incapacidade administrativa através do seu consulado em São Paulo. O que era uma queixa surda nos corredores da comunidade imigrante, se alastra agora na voz indignada de cidadãos brasileiros, que se veem frente a frente com o mesmo muro de descaso que os cidadãos bolivianos estão acostumados.

Foi na tarde de quarta-feira, 7 de outubro, que a redação do Bolívia Cultural – BC recebeu o desabafo de Aparecida da Silva. Brasileira, moradora do Brooklyn, ela tentou de todas as formas contatar o consulado para um simples esclarecimento. O que ela encontrou foi um vácuo. E-mails que se perdem, telefones fixos que não completam a ligação, um WhatsApp que exibe a mensagem fria de “não ter caixa postal”. A gentileza da nossa redação em fornecer contatos alternativos foi um paliativo, mas não curou a ferida da indignação.

O desabafo da Sra. Aparecida transcende uma mera reclamação; é um golpe direto no fígado da comunidade imigrante boliviana, expondo a imagem do serviço consular. Sua experiência escancara uma verdade incômoda: a negligência, suportada pelos imigrantes bolivianos, estende-se sem pudor a qualquer cidadão que busque o serviço. A prova está nos relatos de outros brasileiros, inclusive funcionários públicos de órgãos como a Polícia Civil e Federal, que, ao tentarem intermediar (atendimento a imigrantes bolivianos) por meio de contato ao consulado boliviano, depararam-se com o mesmo muro de silêncio e terminaram com a mesma sensação de abandono.

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O Desabafo que Humaniza a Burocracia

Acompanhe a transcrição do áudio enviado por Aparecida, um retrato nítido da frustração:

“Bom dia, gostaria de deixar minha opinião a respeito do consulado da Bolívia… A minha indignação é esta: eu imagino uma mãe de família, um pai de família, uma família boliviana que precise de um atendimento, de uma orientação, e não tem dinheiro para ir até o consulado, não tem dinheiro para o metrô… Esta pessoa que talvez mal sabe mexer numa internet, não tenha condições de mandar um e-mail que não funciona… EU ACHO ABSURDO COMO O DESRESPEITO COM O SER HUMANO.”

Sua fala vai além do interesse pessoal. Ela se coloca no lugar do outro, do mais vulnerável. “Meu problema não é urgente”, ressalta, destacando que sua luta é por princípio. A revolta maior é saber que para aqueles que “estão aqui no Brasil procurando uma vida melhor”, o consulado, que deveria ser uma rede de apoio, é uma fortaleza inalcançável.

“É triste e revoltante… a pessoa é obrigada a ir até eles ou a contratar os serviços terceirizados. É absurdo isso, muito triste.”

A cortesia final, É só uma opinião, mas muito obrigada pela ajuda, contrasta com a dureza da denúncia. É a voz da resignação diante de um poder surdo. O relato de Aparecida da Silva não é um caso isolado; é a prova viva de que a deficiência do Estado boliviano não escolhe vítimas. É uma constante que se repete, dia após dia, do outro lado da linha que não atende.

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