Mocochinchi: O Sabor da Bolívia que Conquista São Paulo

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Do Brás ao Pari, refrescando Itaquaquecetuba e Guarulhos o sabor feito de pêssego seco virou a paixão de quem busca alívio para o calor e um gosto de tradição. A bebida simboliza a integração silenciosa e saborosa da cultura boliviana em São Paulo.

São Paulo • 23/09/25 às 00:57h.

Quando o termômetro sobe em São Paulo, o instinto natural é buscar um refúgio gelado. Para um número crescente de paulistanos, essa busca não termina no refrigerante convencional, mas em uma jarra de vidro que exibe âmbar dourado e frutinhas macias no fundo: é o mocochinchi, o refresco boliviano que se tornou uma febre gastronômica no paladar de famílias paulistanas.

A cena se repete aos fins de semana na Feira da Kantuta, no Pari, ou entre os comércios da Rua Coimbra, no Brás. Em baldes cheios de gelo, jarras exibem a bebida doce, aromatizada com canela e cravo, e as famosas “bolas”, os pêssegos desidratados e recozidos que são a alma do preparo. Mais do que uma simples bebida, o mocochinchi é um pedaço da Bolívia servido em copo.

A conquista de paladares vai além do aspecto refrescante. Representa a afirmação de uma herança cultural que se entranha no cotidiano da metrópole. Onde antes era uma iguaria encontrada quase que exclusivamente pela comunidade boliviana, hoje atrai curiosos e fiéis defensoras como a auxiliar administrativa Mariela Canedo, de 30 anos. Para ela, a ida à feira é um ritual incompleto sem o gosto do mocochinchi.

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“Sempre que vou à Kantuta para passear ou comprar minhas saltenhas, já virou tradição parar na banca da dona Carmen para tomar o meu ‘fresco'”, conta Mariela, referindo-se à vendedora que já conhece seu pedido de cor. “Ela já sabe que gosto do copo com duas ‘bolinhas’ de pêssego. É a nossa combinação perfeita. Desde que experimentei, meus familiares também se apaixonaram. Aquele sabor diferenciado, doce, mas não enjoativo, com o perfume da canela… virou um programa de família.”

O sucesso da bebida, segundo antropólogos, é um exemplo clássico de como a gastronomia funciona como uma porta de entrada para a integração cultural. O mocochinchi não impõe; ele seduz. Sua preparação caseira e ingredientes simples, pêssego seco, especiarias, água e açúcar, conversam diretamente com a busca por sabores autênticos e afetivos.

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“Algumas pessoas estranham na primeira vez que veem os pêssegos no copo, é verdade”, admite Mariela. “Mas eu sempre digo: é só experimentar. É um gosto que conquista. É a cara de São Paulo: diverso, doce e cheio de história.”

E assim, um a um, os copos de mocochinchi são servidos. Eles matam a sede do corpo, mas também alimentam um diálogo cultural que enriquece a cidade. Em cada gole, um pouco do calor humano boliviano se mistura ao ritmo da capital paulista, provando que as fronteiras mais saborosas são aquelas que a gente atravessa com o paladar.

fotos – Divulgação

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