Indígenas destacam resistência na Paulista contra PEC da Blindagem

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Na voz da ativista tupinambá Bekoy, a marcha nacional contra impunidade denunciou as violências históricas sofridas pelos povos originários

São Paulo – 22/09/2025 às 16:50h.

Milhares de pessoas ocuparam a Avenida Paulista neste domingo (21/09) para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o Projeto da Anistia, que pretende perdoar os envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro. Convocado pelas redes sociais, o ato teve repercussão nacional e internacional, com manifestações paralelas em outras capitais do país.

No coração da mobilização em São Paulo, o microfone do Bolívia Cultural abriu espaço para uma voz que representa séculos de luta: a de Bekoy, mulher indígena da etnia Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, ativista contra o abuso infantil e defensora da floresta.

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Bekoy, com o corpo pintado de vermelho em memória ao sangue indígena derramado, à floresta negligenciada e à impunidade brasileira, manifesta seu repúdio à PEC da Blindagem. – Foto: Leonor Hills

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Sua fala, recebida com atenção secular, resume o peso da presença indígena em um momento crítico da democracia brasileira:

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“Nós, povos indígenas, estamos aqui na Paulista porque resistência é nosso dever sagrado. Desde que essa terra foi invadida, sofremos. Sofremos antes, durante e agora. A colonização não acabou. Ela se recria em leis, em omissão, em abuso de poder. Agora querem aprovar a PEC da blindagem.”

Bekoy denunciou a impunidade prometida pelo Congresso a políticos e grupos econômicos ligados ao desmatamento e à violência no campo:

“Vocês do Congresso que se encheram de ruralistas, que vendem nossos territórios, saibam: esta terra é indígena. Este rio escutou nossos cantos, este mato viu nossos guerreiros tombarem. Vocês não têm o direito de destruí-la por lucro ou por poder.”

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A manifestação indígena na Paulista dialoga diretamente com um histórico de violações: a invasão de terras, a negação das demarcações, o avanço do garimpo ilegal e a criminalização de lideranças que defendem seus territórios. Em sua fala, Bekoy vinculou a luta atual à memória ancestral e à urgência do presente:

“Não aceitaremos que os nossos parentes presos por defender suas terras fiquem sem justiça enquanto corruptos continuam livres. Nós, indígenas, estamos prontos para lutar até com os nossos corpos, até com as nossas vidas, se for preciso, para proteger este território que é a nossa casa, nossa história, nossa mãe natureza.”

A participação indígena na marcha contra a PEC da Blindagem transformou o protesto em uma denúncia simbólica e concreta: a defesa da democracia está indissociavelmente ligada à defesa dos povos originários e de seus territórios.

Foto: Leonor Hills

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