Em São Paulo, Cochabambinos Celebram 215 Anos da Gesta Libertária com Fé, Gastronomia e Folclore

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Longe da “Terra Amada”, imigrantes bolivianos mantêm viva a chama da tradição e do civismo, enriquecendo a capital paulista com sua cultura resiliente.

Publicado • 14/09/25 às 15:15h

Para muitos em São Paulo, o 14 de setembro é apenas mais uma data no calendário. Mas para milhares de bolivianos que chamam a cidade de lar, o coração bate mais forte, pulsando ao som de huayños e ao sabor de um silpancho bem temperado. É o Dia de Cochabamba, a celebração dos 215 anos da heroica Gesta Libertária, e a emoção transborda longe da terra natal.

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A data rememora o levante de 1810, quando homens e mulheres comuns – agricultores, artesãos – liderados por Esteban Arce, pegaram em loicas, paus e o que tinham à mão para enfrentar o domínio colonial espanhol. Essa coragem, nascida no coração da Bolívia, é um património que não ficou para trás. Cruzou fronteiras e hoje é reavivada com orgulho pela vibrante comunidade cochabambina em São Paulo, a segunda maior do país.

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Aqui, somos dois vezes guerreiros. Pela história que carregamos no sangue e pela vida que construímos longe de casa”, comenta Julia Mendoza, enquanto ajusta o aguayo (manta tradicional) no ombro, minutos antes de entrar na roda de dança. Ela veio há 15 anos e é uma das líderes de um grupo folclórico que se apresenta na Praça Kantuta, ponto de convergência da comunidade. “Ensinamos os passos para nossas crianças. É nossa forma de não deixar morrer quem somos.”

E quem são eles transparece em cada detalhe. Nos tecidos coloridos das polleras (saias típicas), no aroma irresistível do pique macho que impregna o ar durante as festas, e no som das zampoñas e charangos que ecoam, desafiando o ruído da metrópole. A celebração é um ato de resistência cultural.

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Mas a força cochabambina não se revela apenas na festa. Revela-se no cotidiano silencioso das oficinas de costura, setor que tem a marca indelével de seu trabalho e resiliência. Revela-se na fé durante a Wallunka, cerimônia de agradecimento à Pachamama (Mãe Terra), que conecta as gerações às suas origens ancestrais. E revela-se no civismo, ao erguerem a bandeira da Bolívia e de Cochabamba lado a lado, celebrando não apenas o passado de luta, mas o presente de contribuição para a cidade que os acolhe.

“Celebrar aqui é lembrar que carregamos Cochabamba no peito. É transmitir para meus filhos, nascidos no Brasil, o valor da liberdade e o orgulho de suas raízes”, diz o senhor Ramiro Cruz, dono de um pequeno restaurante que se tornou um pedacinho de Cochabamba no Bom Retiro.

Neste ano, que também marca o bicentenário da Bolívia, a festa ganha um sabor especial. É a celebração dupla de um povo que honra seu gesto libertário histórico enquanto tece, com linhas coloridas de esperança e trabalho, o seu próprio lugar em uma nova pátria. Longe da terra amada, mas com ela sempre viva no coração.

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O Dia de Cochabamba, portanto, vai além de uma simples comemoração de uma data histórica. Ele simboliza a resiliência, o orgulho e a contribuição significativa dos imigrantes bolivianos para a sociedade paulistana. Ao celebrar Cochabamba, também celebramos a luta pela liberdade, o amor pela cultura e o futuro de uma comunidade que continua a enriquecer São Paulo com sua diversidade.

Parabéns, Cochabamba!
Viva Cochabamba! Mayllapipis!!!

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