Tuto Quiroga visita comunidade no Brás e promete a famílias de imigrantes uma ponte com a Bolívia

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Apesar do entusiasmo em evento na comunidade boliviana de São Paulo, onde prometeu modernizar consulados, Quiroga evitou os questionamentos da imprensa, deixando perguntas cruciais sem resposta.

São Paulo • 03/09/25 às 23:33h
Atualizado • 06/09/25 às 14:41h

O ritmo acelerado do comércio na Rua Coimbra, no Brás, conhecido como o polo do comercio boliviano de São Paulo, deu uma pausa na noite da quarta-feira (03) para receber um visitante ilustre. Sob olhares atentos e celulares em punho, o candidato presidencial boliviano Jorge “Tuto” Quiroga, cumprimentou compatriotas em um encontro que misturou a informalidade de uma visita entre amigos com a seriedade de um debate sobre o futuro da nação boliviana.

Cerca de 250 apoiadores do candidato lotaram o RestoBar UYUNI, que tem capacidade para 300 pessoas.

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Mais do que um comício tradicional, o evento no Restobar Uyuni assumiu o tom de uma conversa franca. A demora na chegada de Quiroga, atribuída a atrasos nos voos que partiram da Bolívia, não diminuiu o ânimo da plateia, formada por apoiadores, também por curiosos ávidos por ouvir suas propostas, e por que não de opositores também. O candidato, que avança para o segundo turno das eleições na Bolívia, encontrou um eleitorado vital e profundamente conectado às suas raízes.

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Para Tuto Quiroga, conquistar a confiança dos bolivianos em São Paulo não é uma estratégia eleitoral marginal, mas um pilar central de sua campanha, segundo o assessor da campanha do candidato, Luis Eduardo Serrate Cespedes. Na fala do candidato, ele reconheceu a dor da distância familiar e a importância crucial do trabalho dos imigrantes. “A remessa de dinheiro que vocês enviam é o sustento de muitas famílias e uma força motriz da nossa economia”, disse, dirigindo-se à plateia. “Mas o governo não pode apenas receber esse dinheiro. Precisa retribuir com serviços, com atenção e com respeito.”

 

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A promessa de modernizar os serviços consulares foi recebida com aplausos. A comunidade clama por um fim aos trâmites burocráticos e antiquados. A proposta de digitalizar processos, facilitando a documentação e legalização dos milhares de bolivianos que construíram uma vida no Brasil, tocou em uma ferida aberta e mostrou que o candidato buscou entender as dificuldades reais de quem vive longe de casa.

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O evento foi, uma tentativa de encurtar distâncias. Ao falar de “valorizar os bolivianos dentro e fora das fronteiras”, Quiroga estava tentando humanizar a política para um grupo que, muitas vezes, se sente esquecido por sua própria pátria. O abraço apertado em uma senhora comerciante da região, a pausa para ouvir a história de um microempresário local, esses pequenos gestos foram tão significativos quanto o discurso, traduzindo em ação a promessa de dedicar mais atenção à migração boliviana.

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Assista ao vivo o encontro do candidato presidencial Tuto Quiroga com a comunidade boliviana em São Paulo. O evento aconteceu no Resto Bar UYUNI, no Brás, e foi transmitido pela produtora Filmaciones Mariana – Brasil.

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Quiroga Esquiva Questionamento sobre Crimes Contra Mulheres e Crianças Bolivianas

Tuto Quiroga optou por não enfrentar as perguntas preparadas pela imprensa. O único meio que conseguiu dirigir-lhe um questionamento foi o Bolívia Cultural, que trouxe à tona um tema incômodo e urgentíssimo: a proteção de mulheres e crianças contra a violência sexual e o tráfico de pessoas entre Bolívia e Brasil.

A pergunta, formulada pelo jornalista Antonio Andrade, foi direta. Ele citou a vulnerabilidade da segurança infantil, começando pelo tráfico de pessoas, com casos de estupros de menores que se repetem rotineiramente tanto na Bolívia quanto dentro das comunidades bolivianas no Brasil. Andrade demandou saber que medidas preventivas e criminais de parceria bilateral entre a Bolívia e o Brasil seriam adotadas para proteger essas vítimas, cujos dramas, segundo ele, são “banalizados pela sociedade boliviana em ambos os países”.

A reação na plateia foi imediata e reveladora. O constrangimento tomou conta do ambiente, não pela gravidade da pergunta, mas por ela ter sido feita. O assunto mostrou-se um tabu intocável, um incômodo para a agenda política do momento. O próprio candidato Quiroga, não conseguiu articular uma resposta substantiva, oferecendo uma réplica morna e apática (direcionada ao narcotráfico), sem abordar os pontos específicos levantados como deveria ser feito no caso do futuro estadista de um país.

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A noite na Rua Coimbra terminou com fotos, selfies e um sentimento palpável de que, naquele pedaço de São Paulo, um pedaço da Bolívia havia sido ouvido. A disputa pelo voto boliviano, afinal, também se decide a milhares de quilômetros de La Paz, capital administrativa da Bolivia.

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