A Festa Boliviana da Wallunka: Celebração Intergeracional de Tradição e Identidade em São Paulo

Wallunka: Celebração Andina em São Paulo Revitaliza Tradições Cochabambinas e Une Gerações na Praça Kantuta

Publicado • 30/11/21 às 23:12h

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No último domingo, 27 de novembro, a Praça Kantuta, um dos maiores pontos de encontro da comunidade boliviana em São Paulo, foi palco de uma das festas mais tradicionais e vibrantes da cultura de Cochabamba: a Wallunka. Organizada pela Comparsa Cochabamba Mayllapipis e promovida pela incansável Sabina Veizaga, essa celebração, realizada anualmente há 20 anos, mostrou que a vida e a tradição não conhecem limites de idade.

A Wallunka é uma expressão cultural profundamente enraizada nas tradições andinas de Cochabamba, Bolívia. Mais que uma simples festividade, ela simboliza a relação harmoniosa entre o homem e a Pachamama (Mãe Terra), e, ao longo de duas décadas em São Paulo, tornou-se um evento esperado com entusiasmo não apenas pela comunidade boliviana, mas também por brasileiros e outros imigrantes que frequentam a Praça Kantuta. Este espaço, localizado no bairro do Pari, é uma verdadeira janela para a cultura boliviana, onde a gastronomia, a música e o folclore se encontram em perfeita sintonia.

Celebração Sem Idade

O que mais chamou a atenção na edição deste ano foi a diversidade de idades entre os participantes. Desde crianças de 5 anos até idosos de 75, todos estavam animados e envolvidos na brincadeira da Wallunka, demonstrando que a tradição não conhece barreiras etárias. As risadas das crianças, a energia dos adultos e o olhar orgulhoso dos mais velhos criaram uma atmosfera contagiante, onde gerações distintas se uniram para manter viva uma herança que transcende fronteiras.

A festa foi uma clara demonstração de que, em São Paulo, os bolivianos não apenas carregam suas raízes culturais, mas as compartilham com todos, criando uma ponte entre as tradições do altiplano e a vida cotidiana na maior metrópole brasileira. Em meio às danças e celebrações, ficou evidente que a Wallunka não é apenas uma festividade: ela é um ato de resistência cultural, uma afirmação de que a identidade boliviana permanece forte e vibrante, independentemente do lugar onde seus filhos estejam.

Viajar para a Bolívia sem Sair do Brasil

Para muitos que participaram da festa, como Tânia, uma fotógrafa paulistana atraída pela diversidade e pelas cores vibrantes das roupas tradicionais, a Wallunka foi uma experiência imersiva na cultura boliviana sem precisar sair do Brasil. Tânia, cuja sensibilidade artística lhe permite captar detalhes que muitos não percebem, descreveu a celebração como uma verdadeira viagem sensorial. “São Paulo é uma cidade onde todos podem ser quem são, e ver essa explosão de cores e ritmos me fez sentir como se eu estivesse na própria Bolívia”, comentou.

De fato, a riqueza cultural boliviana presente na Praça Kantuta oferece uma oportunidade rara para os paulistanos e turistas de conhecerem e experimentarem uma parte significativa do folclore sul-americano. As roupas tradicionais das mulheres, repletas de cores e simbolismos, junto com a música e a gastronomia, proporcionam uma autêntica imersão na vida boliviana.

O Resgate de uma Tradição

Durante a festa, a Sra. Lorena, visivelmente emocionada, compartilhou a importância de manter viva a Wallunka, não apenas como uma festividade, mas como um símbolo da resistência cultural boliviana em terras estrangeiras. “Não podemos, nem devemos perder nossos costumes”, afirmou, enquanto agradecia amigos e familiares que ajudaram a realizar o evento. Para Lorena, como para muitos outros bolivianos, a Wallunka é uma forma de garantir que as gerações futuras, mesmo longe da terra natal, conheçam e valorizem suas raízes.

Esse sentimento de pertencimento é o que impulsiona a Comparsa Cochabamba Mayllapipis, que, sob a liderança de Sabina Veizaga, tem desempenhado um papel crucial na preservação e promoção da Wallunka em São Paulo. A festa, mais do que uma homenagem à tradição cochabambina, tornou-se um símbolo de união e orgulho para os bolivianos que vivem no Brasil.

Uma Celebração Adaptada

Nem mesmo os desafios impediram a realização da Wallunka. Em 2021, por exemplo, a festividade foi adaptada devido à realização do ENEM nas proximidades do Instituto Federal de São Paulo, que exigia silêncio durante a aplicação das provas. Mesmo sem a presença de bandas ou som amplificado, a festa aconteceu de forma respeitosa e preservou seu espírito festivo, mostrando a capacidade da comunidade boliviana de se adaptar e seguir em frente, mantendo suas tradições vivas.

Wallunka testemunho da vitalidade cultural boliviana em São Paulo

A Festa da Wallunka na Praça Kantuta é um verdadeiro testemunho da vitalidade cultural boliviana em São Paulo. Ao reunir pessoas de todas as idades, a celebração prova que a cultura não tem idade e que a vida, com todas as suas nuances, deve ser celebrada a cada oportunidade. Para a Comparsa Cochabamba Mayllapipis e para toda a comunidade boliviana em São Paulo, a Wallunka é mais do que uma tradição: é uma expressão de identidade, orgulho e pertencimento que une diferentes gerações em torno de um legado comum.

Com suas cores vibrantes, danças emocionantes e espírito festivo, a Wallunka continua a ser um elo inquebrável entre a Bolívia e o Brasil, uma prova de que, onde quer que estejam, os bolivianos continuam a celebrar a vida e suas tradições com alegria e devoção.

Viva a Wallunka! Viva Cochabamba! Viva São Paulo!

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