Singani: A Bebida Emblemática da Bolívia que Ultrapassa Fronteiras

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Reconhecido como Patrimônio Cultural, o destilado boliviano ultrapassa fronteiras, reafirmando sua identidade ao lado de ícones como tequila, rum e pisco.

Publicado • 24/12/24 às 00:23h

O singani, aguardente boliviana, é mais do que uma bebida: é uma expressão da identidade cultural do país. Originado no departamento de Tarija e reconhecido oficialmente como Patrimônio Cultural da Bolívia, o singani conquistou espaço no cenário global, sendo comparado a ícones como o tequila mexicano, a vodka russa e o whisky escocês.

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A Tradição do Chuflay

A bebida mais famosa feita com singani é o chuflay, uma mistura simples de singani, refrigerante de limão (como Sprite), suco de limão e gelo. Popular em festas e reuniões, cada região da Bolívia adiciona seu toque único ao coquetel. No sul do país, por exemplo, é comum compartilhar o chuflay de uma única jarra, passando de pessoa para pessoa no estilo “eu te convido”.

Antes do advento dos refrigerantes transparentes, o chuflay era preparado com limonada, açúcar, gelo e singani, sendo conhecido como um aperitivo clássico.

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O Processo de Produção

O singani é destilado do vinho produzido a partir das uvas brancas Moscatel de Alexandria. O processo envolve a esmagagem das uvas, seguida pela fermentação, onde o açúcar natural do suco se transforma em álcool. O vinho fermentado é então destilado em equipamentos tradicionais, como a falca (composta de cobre e estanho) ou o alambique, que é inteiramente feito de cobre.

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Essa técnica, desenvolvida com o uso de madeira ou gás como fonte de calor, extrai o álcool do vinho, dando origem ao singani.

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Uma Herança Histórica

A história do singani remonta a 1550, com a chegada dos espanhóis à região de Potosí, durante o auge da mineração de prata em Cerro Rico. Em busca de condições ideais para a viticultura, as plantações de uva se expandiram para o sul, onde o clima, a qualidade da água e a altitude eram favoráveis.

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O nome “singani” deriva da antiga fazenda Siwingani, localizada no município de San Lucas, província de Nor Cinti, em Chuquisaca. Com o passar dos séculos, o termo deixou de ser apenas um nome próprio e tornou-se sinônimo da bebida, consolidando-se como uma marca registrada na região de Vale Cinti, onde as quintas espanholas do período colonial desenvolveram a maior indústria vitivinícola do país.

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A Era da Industrialização

A transformação do singani em produto industrial começou em 1925, quando a destilaria San Pedro, em Camargo, introduziu equipamentos modernos importados da França e da Alemanha. Esse marco trouxe avanços como engarrafamento, rotulagem e padronização, consolidando o singani como um símbolo da industrialização da viticultura boliviana.

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Reconhecimento Internacional

Marcas como Casa Real, Los Parrales e Tres Estrellas levaram o singani a novos mercados, destacando a riqueza do patrimônio de bebidas nativas latino-americanas. Assim como o tequila, o rum e o pisco, o singani agora conquista paladares ao redor do mundo, reafirmando sua posição como um dos maiores orgulhos da Bolívia.

O singani transcende o copo: é uma celebração da história, cultura e tradição bolivianas, elevando-se ao patamar das bebidas que carregam o espírito de seus povos.

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