O Legado de Jorge Ledezma: O Cônsul Que Virou Símbolo de Humanidade e Saudade na Comunidade Boliviana em SP

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O Cônsul Que Não Esperava no Gabinete: A Trajetória de Jorge Ledezma Entre Feiras, Velórios e Festas. Humanidade Além do Protocolo, A Saudade Que Jorge Ledezma Deixou na Comunidade Boliviana

Publicado • 12/06/25 às 17:55h
Atualizado • 12/06/25 às 18:12h

A cena era de despedida, mas o sentimento que prevalecia era de gratidão. No fim de tarde da sexta-feira, 6 de dezembro de 2019, centenas de bolivianos se reuniram no Brás, coração da imigração boliviana em São Paulo, para homenagear um homem que, em pouco tempo, se tornou mais do que um cônsul: um amigo, um protetor, um farol de esperança. Dr. Jorge Ledezma Cornejo, carinhosamente chamado de EL DR. LEDESMA, encerrava sua gestão, mas deixava para trás um rastro de admiração e saudade que ainda hoje, anos depois, e lembrado nas conversas, nas reuniões, nas associações e nos corações daqueles que ele tocou.

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Um Cônsul Diferente: Nas Ruas, Nas Madrugadas, Nos Momentos Mais Duros

Dirigentes de instituições bolivianas, feirantes, costureiras, estudantes e trabalhadores de diversas regiões de São Paulo compareceram ao evento emocionado. As palavras de saudação era conhecido “hola jefecito/jefecita” era tradicional nos encontros com os cidadãos, mas o tom era o mesmo: “Nunca tivemos um cônsul como ele.” Ledezma não esperava os bolivianos virem até ele – ele ia até eles. Madrugadas frias nas feiras livres de Guarulhos, na Feira da Madrugada em São Paulo, visitas surpresas a oficinas de costura em Itaquaquecetuba, encontros em Americana e outras cidades do interior paulista. Nenhuma distância era grande demais, nenhuma hora era inadequada.

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“Ele chegava de manhã cedo, ainda escuro, com um café na mão e um sorriso no rosto. Perguntava como estávamos, se precisávamos de algo, se tínhamos problemas com documentos. Não era só um cônsul, era um irmão”, lembra Carmen Rosa Mamani, feirante no Brás.

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Presente na Alegria e na Dor: O Consulado Que Virou Família

Se havia um evento da comunidade, lá estava Ledezma. Inaugurações de associações, campeonatos de futebol, reuniões sobre negócios e educação – sua presença não era protocolar, era afetuosa. Mas o que mais marcou foi sua compaixão nos momentos mais difíceis. Várias vezes, apareceu em velórios de bolivianos humildes, mesmo sem ser convidado. “Quando meu pai faleceu, não esperávamos ninguém do consulado. De repente, ele chegou, deu um abraço apertado e ficou ali, em silêncio, nos dando força. Isso a gente nunca esquece”, conta Juan Carlos, filho de um imigrante falecido em 2018.

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“Estou Aqui Para Servir, Não Para Me Servir” – A Frase Que Definiu Uma Gestão

Desde seu primeiro discurso, em entrevista ao Bolívia Cultural, Ledezma deixou claro seu propósito: “Estou aqui para servir aos bolivianos e não me servir deles.” E cumpriu. Em sua última entrevista antes de deixar o cargo, repetiu as mesmas palavras, agora carregadas de significado. Seu trabalho não se limitou a emitir passaportes ou legalizar documentos – ele transformou o consulado em um espaço de acolhimento, onde cada boliviano, independentemente de sua condição, era tratado com dignidade.

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A Despedida e a Saudade Que Ficou

Naquela sexta-feira de dezembro, enquanto o sol se punha sobre São Paulo, os discursos se misturavam com lágrimas de crianças que entregavam seus desenhos ao cônsul querido. “O senhor não foi apenas um cônsul, foi um exemplo”, disse uma liderança comunitária. Outros lembravam das noites em que ele atendia casos urgentes pessoalmente, das vezes em que mediava conflitos trabalhistas, da forma como defendia os direitos dos mais vulneráveis.

Hoje, anos depois, seu nome ainda é mencionado com carinho. “A gente sente falta de um cônsul que realmente estava com a gente”, diz Maria Fernandez, de uma Associação de Bolivianos em SP. “Ledezma mostrou que é possível fazer um trabalho humano, competente e comprometido. Ele deixou um vazio que ainda não foi preenchido.”

Se a saudade é a prova do amor, então Jorge Ledezma foi – e segue sendo – profundamente amado. Sua gestão pode ter terminado, mas seu legado permanece: um consulado que não ficou apenas atrás de uma mesa, mas que caminhou lado a lado com seu povo.

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