Publicado em 04/03/24 às 09:01h
Há mais de 140 anos, a Bolívia enfrentou uma derrota devastadora na Batalha de Calama, perdendo não apenas território, mas também o acesso vital ao Oceano Pacífico para o Chile. No entanto, a nação sul-americana recusa-se a aceitar o status quo, mantendo uma força marinha ativa na esperança de um dia recuperar sua saída para o mar.
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“A Bolívia, um país sem acesso ao Oceano Pacífico desde a Batalha de Calama em 1879, mantém uma força marinha com a esperança de reverter este quadro.”
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Após a perda de território para o Chile, incluindo uma porção do deserto do Atacama, a Bolívia viu-se sem litoral, privada das vantagens econômicas e estratégicas que um acesso ao mar poderia proporcionar. No entanto, mesmo diante desse cenário desafiador, o país não desiste da esperança de um dia recuperar o que considera seu direito.
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O embate diplomático ganhou novo fôlego em 2013, quando a Bolívia levou sua demanda ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia. Buscando reverter o veredito da história, o governo boliviano argumentou que a área anexada pelo Chile, incluindo parte do mar, deveria ser devolvida à Bolívia. Contudo, em um golpe para as aspirações bolivianas, o tribunal rejeitou os argumentos em 2018, mantendo o status quo.
Mesmo sem uma fronteira oceânica, a Bolívia mantém uma força naval ativa, responsável por proteger seus interesses marítimos, fluviais e lacustres, bem como a marinha mercante. O sentimento de reivindicação marítima é especialmente forte no dia 23 de março, quando o país celebra o “Dia do Mar Boliviano”, marcado pelo lema de esperança “O mar nos pertence por direito, recuperá-lo é nosso dever”.
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A persistência da Bolívia em manter sua força naval reflete não apenas um desejo de retomar suas raízes marítimas, mas também uma resistência contra as adversidades históricas e legais que enfrenta. Mesmo após uma derrota devastadora em 1879 e uma decisão desfavorável do Tribunal Internacional em 2018, a Bolívia se recusa a abandonar seu sonho de um dia voltar a ter acesso direto ao oceano.
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No Brasil, o Dia do Mar Boliviano, lembrado todo 23 de março
Evento significativo para a comunidade boliviana. Imigrantes bolivianos aderem a essa lembrança de direito legítimo, participando das homenagens organizadas pela equipe consular. A oferta de uma oferenda floral a Dom Eduardo Avaroa, herói mártir da Guerra do Pacífico, é um ato carregado de simbolismo. Realizada nas instalações do consulado boliviano ou no Memorial da América Latina, a cerimônia envolve um clima de tristeza e uma lembrança perpétua nos corações dos bolivianos, tanto dentro da Bolívia quanto ao redor do mundo.
Em um mundo onde as fronteiras são definidas por mais do que linhas geográficas, a busca da Bolívia por uma saída para o mar continua a ser um símbolo de determinação e perseverança frente aos desafios que moldam sua história.
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Fotos – divulgação
Capa – ilustração