MIGRAÇÃO BOLIVIANA: Eduardo Schwartzberg no CEM – Missão Paz

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Evento destacou a histórica migração boliviana e os desafios sociais e econômicos enfrentados pela diáspora no estado de SP.

Publicado • 16/12/24 às 19:19h
Atualizado • 16/12/24 às 22:30h

Na última terça-feira, 13 de dezembro, o Centro de Estudos Migratórios (CEM) promoveu um importante diálogo sobre a histórica migração boliviana e suas complexas dinâmicas sociais e econômicas. O evento foi realizado na Missão Paz, localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo, e contou com a presença do pesquisador boliviano Eduardo Schwartzberg, vinculado ao EACH-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo). O encontro destacou temas fundamentais da formação da diáspora boliviana e suas especificidades no Brasil.

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Eduardo Schwartzberg apresentou um panorama histórico da migração interna na Bolívia, marcada por deslocamentos do campo para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida, passando até a constituição da migração internacional. Esse processo, que teve início nas últimas décadas do século XX, encontra em São Paulo um de seus principais destinos. Hoje, a capital paulista se tornou um epicentro da diáspora boliviana, onde essa comunidade cria raízes e enfrenta desafios sociais, econômicos e culturais.

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Um dos pontos centrais do debate foi o papel estrutural das mulheres bolivianas na economia da migração. Eduardo destacou que a presença das mulheres é uma peça estrutural, desempenhando funções essenciais tanto nas famílias quanto nas dinâmicas econômicas locais.

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Cholitas da Babilônia e a Exposição Cancelada

Durante sua fala, Schwartzberg abordou a recente intervenção do coletivo “Cholitas da Babilônia”, composto por mulheres bolivianas que residem em São Paulo. O coletivo se manifestou contra a exposição “Oficina do Suor”, que acabou sendo cancelada após a indignação das ativistas bolivianas.

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Segundo as manifestantes, a exposição tratava de temas relacionados à imigração e ao trabalho informal na indústria têxtil, mas falhou em dialogar diretamente com os personagens centrais dessa realidade, alimentado estereotipos preconceituosos sobre a sociedade boliviana no Brasil. Esse episódio revela o descontentamento de parte da comunidade imigrante diante da desvalorização e da falta de representação adequada em produções acadêmicas e culturais.

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Eduardo Schwartzbeng expressou sua crítica à priorização de artistas e acadêmicos brasileiros em projetos culturais e acadêmicos que abordam as questões migratórias. Para ele, existe um potencial imenso de produção intelectual e cultural entre os imigrantes, que são frequentemente excluídos dos espaços de financiamento e visibilidade. “Temos imigrantes gabaritados, com conteúdos de alto valor agregado, mas o sistema não contempla o apoio necessário para esses atores”, ressaltou Eduardo.

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O Registro Histórico como Base para uma Sociedade Plural

Jose Carlos Pereira, editor de Travessia Revista do Migrante, também participou do diálogo e aproveitou a ocasião para celebrar o lançamento da edição número 100 – Maio – Agosto/2024 da publicação.

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Segundo Pereira, a revista tem como objetivo registrar as experiências migratórias no Brasil, proporcionando à sociedade conteúdo essencial para a construção de uma sociedade mais plural e justa. “O registro histórico da migração permite que compreendamos melhor os desafios e as contribuições das comunidades imigrantes”, pontuou o editor.

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A Missão Paz e o Papel do CEM

O evento fez parte de uma série de atividades organizadas pelo Centro de Estudos Migratórios (CEM), grupo que promove estudos e pesquisas focadas em história oral e memória das populações migrantes. A Missão Paz, parceira nessa iniciativa, é uma instituição histórica na acolhida de imigrantes em São Paulo, oferecendo suporte jurídico, social e cultural.

Conclusão

O diálogo promovido no encontro trouxe reflexões fundamentais sobre a formação da diáspora boliviana e sua inserção na sociedade brasileira, destacando a luta por reconhecimento, representação e justiça social. Eduardo Schwartzberg e Jose Carlos Pereira, enfatizaram a urgência de ampliar os espaços de participação e protagonismo dos imigrantes em projetos acadêmicos e culturais, como forma de construir uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

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