Celebração na Câmara Municipal homenageia a força, a cultura e a resistência das mulheres imigrantes que tecem a história da cidade
Publicado • 06/06/25 às 17:40h
Atualizado • 08/06/25 às 14:08h
Na noite fria de 30 de maio, o plenário da Câmara Municipal de São Paulo se transformou em um palco de emoção, cores e resistência. O coletivo Bolivianos Unidos en Brasil (BUB) celebrou o Dia da Mãe Boliviana — data que rememora as “Heroínas da Coronilla”, mulheres que em 1812 defenderam a independência da Bolívia com coragem. Hoje, suas descendentes repetem essa bravura nas ruas de São Paulo, cidade que abriga a maior comunidade boliviana do Brasil.
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Com casa cheia, o evento reuniu mães, ativistas e lideranças comunitárias — mulheres de múltiplos talentos, desde costureiras que vestem São Paulo até médicas, enfermeiras, empresárias e empreendedoras que sustentam não apenas suas famílias, mas toda uma rede de sonhos e resistência na metrópole.
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A noite pulsou ao ritmo da cultura boliviana: o aroma das salteñas se misturou à energia das danças da Morenada (Fanáticos del folklore – Brasil) e do Caporal (San Simón – Filial SP Brasil), enquanto as melodias do “taquirari camba” (Cambas Raspa Buri Sp-Brasil) esquentaram os presentes como um hino à identidade que atravessa fronteiras. O ápice veio com o reconhecimento merecido: cada uma desses heroínas do cotidiano recebeu um diploma de honra, entregue pelas mãos de personalidades que testemunharam, naquela cerimônia, a força transformadora da comunidade boliviana em solo paulistano.
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Por Que São Paulo Deve Reconhecer Essas Mães?
1. Cultura Viva: Elas preservam suas tradições e a culinária que já faz parte do cardápio paulistano.
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2. Economia Invisível: Movimentam o setor têxtil e pequenos comércios nos bairros do Bom Retiro, Brás e Pari na cidade.
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3. Resiliência: São as verdadeiras “Heroínas da Coronilla” modernas, enfrentando xenofobia e abismos sociais para garantir o futuro dos filhos no Brasil.
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Lágrimas que não Apagam a Negligência: O Abismo Entre Discurso e Realidade no Consulado Boliviano
Em meio a aplausos e homenagens, a cônsul Vania Claros emocionou-se ao exaltar a “força das mães bolivianas”. Mas suas lágrimas soam como ironia amarga diante da inoperância crônica de um consulado boliviano que, na prática, abandonando as mulheres que deveria proteger.
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A Farsa do Acolhimento. Enquanto autoridades do consulado boliviano se comovem em eventos, a realidade é outra:
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• O Consulado da Mulher Boliviana? com a promesa de dar continuidade pela cônsul Vania na sua chegada em São Paulo não funciona até hoje!, sem um número de socorro de pronto atendimento para mulheres deixando desamparadas vítimas de violência doméstica, mães com filhos doentes com câncer e como não lembrar da adolescente grávida indocumentada que não foi atendida devidamente no consulado boliviano em SP.
• Vulnerabilidade invisível: Muitas mulheres não tem nem a identidade boliviana (C.I.) devido a falta de campanhas permanentes que deveriam abordar as mulheres em SP. Mulheres que moram nas Ruas do Brás ou a grande maioria de mulheres que sofrem de assédio moral e sexual dentro de oficinas de costura precarizadas, sem direitos trabalhistas, enquanto sustentam as suas familias.
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Um Convite à Cidade: Celebrar Todo Dia
O evento, apoiado pelo vereador Gabriel Abreu (Podemos) e pelo Consulado Boliviano, foi só o início, de uma série de atividades futuras a serem organizados pelo coletivo, Bolivianos Unidos en Brasil (BUB).
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“São Paulo é feita de migrações. As mães bolivianas não são ‘estrangeiras’ — são parte essencial dessa metrópole.” Que o 27 de maio (data oficial na Bolívia) inspire não só homenagens, mas políticas públicas que as protejam. Afinal, sua história é a história de São Paulo.