José Bolívia: O Eterno Embaixador do Folclore Boliviano que Encantou o Brasil

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Artista e promotor cultural, José Ortiz Dorado dedicou mais de quatro décadas à música, ao artesanato e à integração da comunidade boliviana, deixando um legado inestimável entre os imigrantes na “Cidade da Garoa”.

Publicado • 23/12/19 às 20:32h
Atualizado • 28/01/25 às 14:53h

Em 21 de dezembro de 2019, a comunidade boliviana no Brasil perdeu um de seus maiores embaixadores culturais. José Ortiz Dorado, carinhosamente conhecido como “José Bolívia”, faleceu aos 71 anos na cidade de La Paz, Bolívia, devido a complicações da diabetes. Sua partida deixou um legado inestimável na promoção do folclore boliviano em território brasileiro e além.

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Uma trajetória marcada pelo talento e pela paixão pelo folclore

José nasceu em 3 de junho de 1948, no centro mineiro de Pulacayo, em Potosí, próximo ao icônico Salar de Uyuni. Filho de pai peruano e mãe boliviana, cresceu em uma família de quatro irmãos. Ainda jovem, José Bolívia encontrou na cultura e nas artes sua vocação, carregando consigo a herança de sua terra natal.

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Chegou ao Brasil em 1970 e, como muitos imigrantes, começou sua trajetória como pedreiro. No entanto, o chamado do folclore boliviano foi mais forte. Logo, ele passou a se dedicar integralmente à música, apresentando-se nas churrascarias de São Paulo, onde ganhou notoriedade com sua interpretação marcante do clássico andino “El Cóndor Pasa”. Foi nessa época que surgiu o apelido “José Bolívia“, refletindo sua identidade cultural e o amor pelo país natal.

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Em 1976, fundou o grupo “Raza India“, que se tornou uma vitrine para o folclore boliviano nos anos 70 na chamada “Cidade da Garoa”. Sua arte o levou a dividir palcos com grandes nomes da música brasileira, como Chico Anysio, Jair Rodrigues, Alcione, Roupa Nova, e até mesmo ícones da televisão como Silvio Santos.

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Além dos palcos, um diplomata cultural

Por 42 anos, José Bolívia dedicou-se ao Consulado Boliviano em São Paulo, onde trabalhou incansavelmente na promoção da cultura e na integração da comunidade boliviana no Brasil. Em 2017, ao encerrar esse capítulo de sua vida, retornou à Bolívia para continuar sua missão cultural junto à esposa, Íris Davalos, artista plástica e dançarina.

Já em La Paz, o casal se dedicou à confecção de artesanatos e de bonecas Barbie vestidas com trajes típicos do folclore boliviano, um projeto que ganhou reconhecimento pela preservação e difusão da identidade cultural do país.

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Um legado que permanece vivo

A comunidade boliviana no Brasil, a maior entre os imigrantes latino-americanos, deve muito a José Bolívia. Seu trabalho incansável como músico, artista e promotor cultural e defensor das suas tradições milenares, consolidou pontes entre o Brasil e a Bolívia, enriquecendo o intercâmbio cultural entre os dois países.

José Bolívia não foi apenas um artista; foi um verdadeiro heraldo da cultura boliviana, cujas contribuições ecoarão por gerações. Sua memória será celebrada e honrada, e seu amor pela cultura andina continuará a inspirar aqueles que lutam para manter viva a tradição de seus ancestrais em terras estrangeiras.

Publicado originalmente no Portal Bolívia Cultural,
em 23 de dezembro de 2019.

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