Presidente da Câmara do Senado boliviano, Gringo Gonzales destacou em 2016 a importância da participação política da migração boliviana e o desafio de fortalecer a representatividade no parlamento.
Publicado • 10/01/25 às 16:32h
Atualizado • 10/01/25 às 19:39h
Essa foi a declaração feita em 2016 por José Alberto Gonzales Samaniego, conhecido como Gringo Gonzales, então presidente da Câmara do Senado boliviano, em uma entrevista concedida ao Bolívia Cultural na cidade de La Paz na Bolívia. A fala de Gonzales trouxe à tona a importância da participação política dos bolivianos no exterior, especialmente no Brasil, e as dificuldades enfrentadas para ampliar a representatividade dessa comunidade nos espaços de decisão política.
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Uma análise comparativa entre migrações
Gringo Gonzales, que já ocupou os cargos de cônsul da Bolívia em Buenos Aires e embaixador no Brasil, destacou as semelhanças entre as migrações bolivianas na Argentina e no Brasil. Ele enfatizou que, em ambos os casos, a integração e a participação ativa dos imigrantes na formulação de políticas públicas são essenciais tanto para os países receptores quanto para o Estado boliviano.
O ex-senador ressaltou que os bolivianos no exterior possuem uma grande capacidade de organização, uma característica que pode ser potencializada por meio de capacitações específicas. Segundo Gonzales, o conhecimento sobre os direitos e deveres nos países receptores, aliado à compreensão da legislação do pais receptor e boliviana, pode ser um instrumento poderoso para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e eficazes.
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A representatividade e o voto no exterior
Quando questionado sobre a representatividade dos bolivianos residentes no Brasil dentro do Estado boliviano, Gonzales relembrou a conquista histórica do direito ao voto no exterior, um marco alcançado graças à mobilização da diáspora boliviana.
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“A luta pelo direito ao voto foi conquistada por vocês e não deve parar por aí. O próximo passo é eleger representantes no parlamento e no senado, pessoas que possam defender as demandas específicas dos imigrantes no exterior”
afirmou Gonzales.
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A importância de ter representantes que compreendam as realidades e desafios enfrentados pelos bolivianos fora do país é um tema que continua atual. O fortalecimento dessa representatividade é fundamental para que as demandas das comunidades imigrante sejam efetivamente ouvidas e atendidas.
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Unidos somos mais fortes
Gonzales também destacou a necessidade de união entre os bolivianos no exterior. Embora reconheça que a desunião é um problema recorrente, ele reforçou que, quando organizados, os bolivianos são capazes de conquistar grandes avanços.
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“Às vezes somos campeões em brigar entre nós, o que só fortalece a nossa desunião. Mas, quando estamos unidos, podemos alcançar muito mais”
afirmou o então senador.
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Essa reflexão aponta para a necessidade de fortalecer os laços de solidariedade e cooperação entre a comunidade boliviana para superar desafios comuns.
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Representatividade: um desafio contínuo
A pauta da representatividade democrática dos imigrantes bolivianos já era tema de discussão em 2016 no BC. No entanto, mesmo após oito anos, os avanços nessa área permanecem limitados. A falta de um representante direto no parlamento boliviano e a diminuição de integração política no Brasil refletem a urgência de uma mobilização mais estruturada da comunidade.
Para Gonzales, os imigrantes precisam assumir um papel mais ativo no cenário político. Ele alertou sobre a prática comum de políticos que aparecem apenas em épocas de eleição para prometer melhorias e depois desaparecem.
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“O imigrante não pode ser condenado a esperar, a cada cinco anos, por promessas vazias. Essa história não deve continuar se repetindo. Mas isso depende de vocês, da organização e da vigilância constante para cobrar aquilo que foi prometido”
concluiu Gonzales.
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O futuro da participação política da migração boliviana
A luta pela representatividade dos bolivianos no exterior é um reflexo das dinâmicas migratórias e dos desafios enfrentados por essa população em busca de melhores condições de vida. No Brasil, onde a comunidade boliviana é significativa, a organização política e o fortalecimento das bases comunitárias são passos cruciais para garantir que suas vozes sejam ouvidas, tanto no país receptor quanto no Estado boliviano.
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“A fala de Gringo Gonzales em 2016 permanece atual em 2025 e serve como um chamado à ação para a comunidade boliviana no Brasil e no mundo: a construção de um futuro mais justo e representativo começa com a união e o engajamento dos imigrantes”.
Antonio Andrade – Bolívia Cultural