O sabor da tradição: Como o “anticucho” boliviano ultrapassou fronteiras e se tornou símbolo da identidade cultural da comunidade imigrante no Brasil, conquistando espaço na gastronomia paulistana e fortalecendo os laços entre diferentes culturas.
Publicado • 01/02/25 às 18:10h
Atualizado • 01/02/25 às 18:38h
Em 1º de fevereiro, a Bolívia celebra o Dia Nacional do Anticucho, uma tradição culinária que tem ultrapassado fronteiras e conquistado paladares ao redor do mundo. Sendo a gastronomia um dos pilares mais sólidos da identidade cultural de um povo, a comunidade boliviana no Brasil tem na culinária uma de suas principais expressões.
Entre os pratos típicos que ganharam espaço em São Paulo, o anticucho se destaca como uma iguaria que carrega tradição, sabor e história. Feito à base de coração de boi temperado com especiarias e assado em espetos sobre brasas, esse prato tem raízes na cultura andina e remonta ao período pré-colombiano, sendo posteriormente influenciado por técnicas introduzidas durante a colonização espanhola.
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A Tradição do Anticucho
Na Bolívia, o anticucho é um prato popular e de preparo simples, mas repleto de significado cultural. Sua base é o coração bovino cortado em pequenos pedaços e marinado com vinagre, especiarias e um adereço à base de ají e amendoim. Os pedaços são então espetados em varas de madeira ou metal e grelhados até atingirem o ponto ideal. Tradicionalmente, a iguaria é acompanhada de batatas cozidas e molho picante.
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A comercialização do anticucho ocorre, majoritariamente, no período noturno, e as vendedoras – conhecidas como “anticucheras” – dominam a arte de atrair clientes com a chama característica da grelha, que intensifica o aroma das especiarias e vinagre.
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O Anticucho em São Paulo
A chegada do anticucho a São Paulo remonta ao início da década de 1989, quando a boliviana Bertha Valdez, natural de (Sorata – La Paz), decidiu montar sua churrasqueira na Praça Padre Bento, no bairro do Pari. O sucesso foi imediato, tanto entre os imigrantes bolivianos que buscavam um pedaço de sua terra natal quanto entre os paulistanos que se renderam ao sabor marcante da iguaria.
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Hoje, é possível encontrar o anticucho em feiras e eventos culturais bolivianos, especialmente nos seguintes locais:
- Feira Kantuta
Local: Praça Kantuta, Pari
Domingos, das 13h às 19h
Feirante: Sra. Margot Claros
. - Feira da Rua Coimbra
Local: Rua Coimbra, Brás
Sábados e domingos, das 14h às 22h.
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Receita Tradicional do Anticucho
Ingredientes:
- 1 coração bovino
- 12 batatas médias
- 250g de amendoim descascado
- Mistura de óleo e água
- 4 vagens de ají amarelo
- 1/4 de colher de chá de pimenta moída
- Sal a gosto
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Modo de preparo:
- Corte o coração bovino em finos filés, retirando o excesso de gordura.
- Cozinhe as batatas com casca até ficarem macias; descasque e corte ao meio.
- Espete alternadamente pedaços de coração e batata em um espeto fino.
- Tempere com sal e pincele levemente com a mistura de óleo e água.
- Grelhe os espetos até dourarem, virando para evitar que queimem.
- Para o molho de ají: queime levemente as vagens de ají em fogo alto, retire as sementes e triture junto com o amendoim. Cozinhe a mistura com sal, pimenta e um pouco de óleo por 20 minutos, até adquirir consistência espessa.
- Sirva os espetos com o molho de ají por cima das batatas e da carne.
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Um Símbolo da Cultura Boliviana em São Paulo
Mais do que um prato típico, o anticucho representa a resistência e a identidade da comunidade boliviana no Brasil. Sua presença nas feiras e festas culturais reflete a forte influência da gastronomia na integração e valorização das raízes migrantes. O Dia Nacional do Anticucho, celebrado em 1º de fevereiro, reforça a importância dessa tradição que ultrapassa fronteiras e conquista paladares, reafirmando a culinária como uma poderosa bandeira cultural da Bolívia no Brasil.
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