10 de Outubro: Dia de Luta Contra a Violência à Mulher alerta para aumento de casos na população imigrante

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Enquanto os casos de feminicídio aumentam no Brasil, as mulheres imigrantes enfrentam barreiras adicionais na denúncia de abusos, vivendo à margem das políticas públicas e da proteção estatal.

Publicado • 10/10/24 às 18:22h
Atualizado • 10/10/24 às 20:28h

No Brasil, a violência contra a mulher já foi descrita como uma epidemia. Diariamente, milhares de mulheres são agredidas, violentadas, ou até mortas em decorrência do machismo estrutural e da violência de gênero. Um dos segmentos mais vulneráveis dentro desse cenário são as mulheres imigrantes, cujos casos de violência frequentemente passam despercebidos pelas autoridades e pelo poder público.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam um quadro alarmante: em 2023, mais de 1.300 casos de feminicídio foram registrados no Brasil, sem contar os milhares de relatos de agressões físicas, psicológicas e sexuais. Contudo, enquanto as estatísticas nacionais refletem a gravidade da situação, as mulheres imigrantes permanecem em grande parte invisibilizadas. Isso acontece porque, além das barreiras enfrentadas por todas as mulheres no combate à violência de gênero, as imigrantes lidam com desafios adicionais, como o desconhecimento de seus direitos, dificuldades linguísticas, isolamento social, além de temores em relação à sua situação migratória.

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Vulnerabilidade das mulheres imigrantes

As mulheres imigrantes, em sua maioria provenientes de países da América Latina, África e Ásia, enfrentam uma série de barreiras que agravam sua vulnerabilidade à violência. Muitas delas chegam ao Brasil em busca de melhores condições de vida, fugindo de situações de violência ou perseguição em seus países de origem. No entanto, ao chegarem aqui, deparam-se com um cenário onde as estruturas de apoio são limitadas, especialmente para aquelas que vivem em condições precárias, como trabalhadoras domésticas, ambulantes ou em ocupações informais.

A falta de informação sobre os serviços disponíveis, como delegacias especializadas para imigrantes como a “DELEGACIA DO IMIGRANTE” e centros de apoio, torna ainda mais difícil a denúncia de abusos. Além disso, muitas mulheres imigrantes temem ser deportadas ou enfrentar preconceitos ao buscar ajuda. Em muitos casos, a violência ocorre dentro do próprio lar, vinda de parceiros ou parentes, o que também dificulta a denúncia.

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Invisibilidade nas estatísticas

O distanciamento do poder público em relação às necessidades específicas das imigrantes contribui para a invisibilidade desse grupo nas estatísticas de violência de gênero. As políticas públicas ainda não estão adequadamente preparadas para lidar com as demandas dessas mulheres, que muitas vezes acabam sofrendo em silêncio. A falta de dados desagregados por nacionalidade e status migratório nos sistemas de monitoramento da violência dificulta a criação de políticas específicas e impede uma visão mais clara da dimensão desse problema.

A ausência de números oficiais que contemplem a realidade das imigrantes leva a uma falsa percepção de que elas são menos afetadas pela violência de gênero, quando na verdade sua situação pode ser ainda mais crítica. A invisibilização, portanto, não só aprofunda a vulnerabilidade das imigrantes, como também dificulta sua inserção nos programas de assistência social e segurança pública.

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Violência no trabalho e na vida privada

Além da violência doméstica, as mulheres imigrantes também estão expostas a abusos no ambiente de trabalho. Muitas vezes, atuam em condições análogas à escravidão, enfrentando jornadas extenuantes, salários baixíssimos e, em alguns casos, assédio sexual e moral por parte de empregadores. As trabalhadoras domésticas imigrantes, por exemplo, representam uma parcela significativa dessa população vulnerável. Elas frequentemente vivem nas casas onde trabalham, tornando-se ainda mais dependentes e sujeitas a abusos.

A precarização das condições de vida também agrava o problema. Moradoras de periferias e comunidades vulneráveis, essas mulheres têm acesso limitado a serviços públicos de saúde, educação e segurança, o que as coloca ainda mais à margem da sociedade e aumenta os riscos de serem vítimas de violência.

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Apoio e solidariedade são fundamentais

Diante desse cenário desolador, o papel da sociedade civil é crucial para oferecer apoio e visibilidade às mulheres imigrantes. Programas de acolhimento, assistência jurídica e psicológica, e iniciativas de integração social são passos importantes na proteção dessas mulheres e no combate à violência que as aflige.

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“Yo Cuido a Mi Amiga”: A Importância de Uma Rede de Apoio Entre Mulheres Imigrantes

A campanha “Yo Cuido a Mi Amiga”, criada por imigrantes e promovida pela Rede de Comunicação Planeta América Latina, representa um importante marco na luta contra a violência de gênero entre as mulheres migrantes no Brasil. Em parceria com organizações como a Polícia Federal do Brasil, CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), Centro do Imigrante, e a Casa da Mulher Brasileira, a iniciativa busca não apenas encorajar as mulheres imigrantes a denunciarem os abusos que sofrem, mas também criar uma rede de solidariedade e apoio entre elas.

O diferencial da campanha reside no seu enfoque comunitário e de proximidade. Ao incentivar que mulheres cuidem umas das outras, a campanha cria uma rede de confiança entre aquelas que muitas vezes enfrentam barreiras como a língua, o isolamento social e o medo da deportação. Ao promover o lema “Yo Cuido a Mi Amiga”, o movimento ressalta a importância da empatia e da união entre as imigrantes como formas de resistência à violência.

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Contudo, por mais que campanhas de conscientização como essa desempenhem um papel fundamental na proteção das mulheres imigrantes, é necessário que o Estado assuma sua responsabilidade. A criação de políticas públicas específicas para as imigrantes, assim como a ampliação dos serviços de assistência social e proteção, são medidas urgentes para garantir que essas mulheres tenham acesso aos seus direitos e possam viver em segurança.

O impacto da campanha só será efetivo a longo prazo se houver um comprometimento conjunto entre sociedade civil e poder público, visando não apenas proteger as mulheres imigrantes, mas também fortalecer sua voz e participação social.

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Uma Epidemia a Ser Combatida: Protege Mulheres Brasileiras e Imigrantes da Violência

A violência contra a mulher é um problema estrutural que não distingue classe social, cor ou nacionalidade. Toda mulher, seja ela imigrante ou brasileira, tem o direito de viver sem medo, de acessar os serviços de proteção e de ser amparada pelas instituições públicas. A solidariedade e o apoio entre as mulheres, bem como a sensibilização da sociedade para os problemas específicos das imigrantes, são ações essenciais na luta por um futuro em que nenhuma mulher precise sofrer em silêncio.

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“Ao promover a denúncia e o acolhimento, estamos não apenas salvando vidas, mas construindo uma sociedade mais justa e inclusiva para todas”.

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