Brasil cria centro de documentação para evitar extinção de culturas indígenas

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Lançamento no Brasil reúne povos originários de diversas etnias nacionais e internacionais, presença aimará celebra marco histórico para a salvaguarda das culturas vivas da Abiayala (América do Sul).

Publicado • 21/05/25 às 03:30h

O Brasil deu um passo fundamental para a preservação e valorização de suas línguas e culturas indígenas com o lançamento do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, uma iniciativa pioneira coordenada pelo Museu da Língua Portuguesa e pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP), com financiamento de R$ 14,5 milhões da FAPESP. O projeto não apenas fortalece a luta dos povos originários do Brasil, mas também se posiciona como uma referência para toda a Abiayala (termo usado por alguns povos indígenas para se referir à América do Sul), promovendo a cooperação entre nações e etnias.

O evento de lançamento, realizado nesta terça-feira (20) no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, contou com a presença de lideranças indígenas brasileiras e internacionais, incluindo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e representantes do Bolívia Cultural, que registraram a participação aimará no encontro. A cerimônia marcou o início de um projeto que visa, ao longo de cinco anos, documentar, pesquisar e difundir a riqueza linguística e cultural dos povos originários, muitas vezes ameaçada pelo esquecimento e pela marginalização.

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Plateia lotada celebra lançamento do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, iniciativa que fortalece a preservação de saberes ancestrais no Brasil. Foto: Bolívia Cultural & Planeta América Latina.

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Um patrimônio a ser preservado

O Brasil abriga mais de 305 povos indígenas e é um dos países com maior diversidade linguística do mundo, com mais de 175 línguas nativas – muitas delas em risco de extinção. “A ciência e a tecnologia têm um papel estratégico na preservação e difusão dessas línguas”, destacou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP. “Documentá-las em texto, áudio e vídeo é uma forma de valorizar não apenas as línguas, mas todo um sistema de conhecimento que inclui arte, medicina tradicional, manejo ambiental e muito mais.”
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O Centro atuará em três frentes principais:

  1. Pesquisa e documentação – Com foco em territórios indígenas em Rondônia e na Região das Guianas, áreas de grande diversidade linguística.

  2. Repositório digital – Um acervo online gratuito para armazenar coleções de registros culturais.

  3. Difusão cultural – Seminários, exposições e ações educativas para ampliar o acesso ao conhecimento tradicional.
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Uma ponte para a América Indígena

A iniciativa já nasce com alcance internacional, integrando-se à Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), promovida pela ONU. A presença de representantes aimarás da Bolívia no lançamento reforça a importância do Centro como um espaço de diálogo entre os povos originários da América do Sul.

“Este não é apenas um projeto brasileiro, mas uma contribuição para todos os povos indígenas da Abiayala“, afirmou Renata Motta, diretora do Museu da Língua Portuguesa. “Assim como na exposição Nhe’ẽ Porã, que marcou o início da Década no Brasil, queremos que o Centro seja um espaço de voz e resistência.”

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Autoridades assinam carta de intenções que oficializa a criação do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, marco para a preservação da diversidade linguística e cultural da América do Sul. Foto: Bolívia Cultural & Planeta América Latina.

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Autoridades assinam carta de intenções que oficializa a criação do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, marco para a preservação da diversidade linguística e cultural da América do Sul. Foto: Bolívia Cultural & Planeta América Latina.

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Tecnologia a serviço da memória

Com um repositório digital aberto ao público, o Centro permitirá que comunidades indígenas, pesquisadores e interessados em geral acessem registros de línguas, narrativas, cantos e práticas culturais. Eduardo Góes Neves, diretor do MAE-USP, ressaltou a importância da iniciativa: “Temos um acervo de mais de 150 mil objetos indígenas, mas o Centro permitirá a formação de novas coleções em formato digital, feitas em parceria direta com os povos originários.”
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Próximos passos

Nos próximos meses, o projeto selecionará 14 bolsistas de pesquisa (com prioridade para candidaturas indígenas) e 5 bolsistas técnicos, além de formar um Conselho Consultivo com participação de lideranças indígenas. Um seminário internacional em novembro, dentro da programação da Temporada França-Brasil 2025, marcará a consolidação do Centro como um espaço de referência global.

Para mais informações, acesse: linguaseculturasindigenas.org.br

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Sobre as instituições:

  • Museu da Língua Portuguesa: Instituição dedicada à valorização do português e das línguas indígenas, localizada na Estação da Luz (SP).

  • MAE-USP: Um dos mais importantes museus antropológicos do mundo, com vasto acervo de culturas indígenas.

  • FAPESP: Principal agência de fomento à pesquisa científica em São Paulo.

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