Falta de diálogo presencial e ausência de dados concretos sobre serviços sociais alimentam críticas à gestão consular boliviana na capital paulista
Publicado • 11/04/25 às 17:39h.
Crise de confiança: formato virtual da prestação de contas do Consulado boliviano em São Paulo é alvo de críticas da comunidade imigrante
O Consulado Geral da Bolívia em São Paulo, a cabeça de Rolando Ignacio Bulacios, Cônsul Geral Boliviano, anunciou para a próxima quinta-feira 17 de abril de 2025, às 17h, a realização da prestação de contas de sua atual gestão. O evento, novamente realizado exclusivamente no formato virtual via plataforma Zoom, reacende um debate cada vez mais presente entre os cidadãos bolivianos residentes na capital paulista: onde está a transparência do Estado boliviano?
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Essa será a segunda tentativa de apresentar dados sobre a atuação do consulado neste ano. A primeira, realizada em 31 de março, também ocorreu virtualmente e contou com a participação de menos de uma dúzia de cidadãos. A baixa adesão reforçou as críticas sobre a eficácia do formato digital, especialmente em uma comunidade onde muitos ainda enfrentam barreiras tecnológicas e de conectividade.
Para setores organizados da comunidade imigrante boliviana em São Paulo, a escolha por uma reunião exclusivamente online representa um distanciamento simbólico e prático da população que mais necessita dos serviços consulares. Em grupos e páginas nas redes sociais, a desconfiança cresce: “Por que o consulado do Rio de Janeiro realizou sua prestação de contas de forma presencial com ampla participação popular, e o de São Paulo insiste em manter-se atrás de uma tela?”, questionam.
As críticas não se limitam ao formato. A falta de informações detalhadas sobre números e valores destinados a serviços essenciais — como assistência a mulheres bolivianas em situação de violência, crianças e adolescentes em vulnerabilidade, famílias em situação de rua e repatriação de corpos de cidadãos falecidos — levanta sérias dúvidas sobre a efetividade e o compromisso social do consulado com a sua diáspora.
O sentimento de opacidade institucional aumenta quando se considera que São Paulo abriga a maior comunidade boliviana fora da Bolívia, sendo responsável por uma intensa demanda de serviços consulares. A falta de prestação de contas presencial, com espaço aberto para perguntas, diálogo franco e prestação documental clara, vem sendo interpretada por muitos como uma tentativa de evitar o confronto direto com denúncias e questionamentos.
Diante disso, lideranças comunitárias, coletivos de direitos humanos e comunicadores bolivianos já se articulam para reivindicar que as próximas prestações de contas sejam feitas de forma híbrida ou presencial, respeitando o direito à informação e à participação cidadã. A comunidade quer mais do que links de Zoom: deseja transparência real, respeito e presença institucional.
Até lá, cresce a pergunta que se espalha nos corredores virtuais da diáspora boliviana: Se o Estado boliviano não se mostra disposto a ouvir seu povo no exterior de forma aberta e direta, a quem ele serve?
SERVIÇO:
Quando:
Quinta-feira 17 de abril de 2025, às 17:00hs
Virtual: LINK AQUI