No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, é essencial refletir sobre as particularidades enfrentadas por famílias imigrantes no Brasil no reconhecimento e atendimento adequado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Publicado • 02/04/25 às 18:55h
A data, instituída pela ONU em 2007, tem como objetivo promover o conhecimento sobre o TEA e garantir os direitos das pessoas autistas.
Entre as famílias bolivianas que vivem no Brasil, o desafio de compreender o espectro autista é agravado por barreiras culturais, linguísticas e pela falta de informações adequadas. Educadores e profissionais de saúde têm alertado para a necessidade de um olhar mais atento às crianças autistas imigrantes, muitas vezes invisibilizadas pela ausência de um diagnóstico precoce e de um acolhimento culturalmente sensível.
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Apesar dos esforços de conscientização realizados há mais de uma década por instituições educativas e de saúde, ainda há resistência por parte de alguns pais imigrantes em aceitar o diagnóstico ou buscar tratamento adequado. Essa resistência pode estar relacionada a crenças culturais, desconhecimento ou até mesmo ao medo do estigma social que o autismo ainda carrega em diversas comunidades.
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Martha Zurita mena, mãe boliviana residente em São Paulo, relata as dificuldades enfrentadas para entender o diagnóstico do filho: “No início, não quis acreditar. Pensava que era só uma fase difícil, um comportamento diferente. Só depois de muitas reuniões na escola entendi o que meu filho precisava de verdade”, conta emocionada. O caso de Martha é um exemplo de como a falta de informação e a desconfiança inicial podem atrasar o início de intervenções que beneficiariam a criança.
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Organizações e coletivos de imigrantes têm trabalhado para sensibilizar e apoiar essas famílias, oferecendo palestras, rodas de conversa e atendimento especializado em espanhol. Porém, ainda há muito a ser feito para garantir um atendimento acessível, inclusivo e respeitoso às especificidades culturais de cada comunidade.
Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, é urgente reforçar a importância de políticas públicas que considerem as necessidades das famílias imigrantes e garantam que crianças autistas, independentemente de sua origem, tenham acesso a um diagnóstico precoce e ao apoio necessário para desenvolverem todo o seu potencial. Um Brasil verdadeiramente inclusivo só será possível quando a diversidade cultural for respeitada e valorizada em todas as suas formas.
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