Sabedoria andina revela como o equilíbrio entre emoção e pensamento pode fortalecer a essência do ser, promovendo harmonia com a vida e o cosmos.
Publicado • 19/12/24 às 22:48h
No coração da sabedoria andina, o ajayu é mais do que uma energia. Ele é a essência do ser, a conexão entre sentimentos, razão e a força cósmica que sustenta a vida. Para os povos andinos, o ajayu não é apenas o centro emocional de um indivíduo, mas também um elo com o universo, uma dança vibrante entre o respeito à vida e a harmonia com tudo o que nos cerca.
O ajayu pode ser comparado a conceitos como aura ou chakra, mais conhecidos nas tradições asiáticas, compartilhando a ideia de ondas de energia que fluem pelo cosmos. Segundo o amauta (sábio aymara) Manuel Alvarado, o equilíbrio dessa energia é essencial. Quem ignora a harmonia e desrespeita a vida, “pouco a pouco perde sua vitalidade, ou seja, seu próprio ajayu.”
Alvarado, em sua obra Como Superar o Medo com o Ajayu, descreve duas formas dessa energia: o jisk’a ajayu (energia menor), que pode ser enfraquecida por desequilíbrios emocionais, e o jach’a ajayu (energia maior), que permanece até a morte e transcende para outras dimensões.
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No universo urbano, buscamos psicólogos e psiquiatras para equilibrar a mente e as emoções. Já no mundo andino, a psicologia tradicional promove o encontro do indivíduo consigo mesmo, enfatizando a harmonia entre razão e emoção como a chave para uma vida plena. Alvarado ensina que “ser uma pessoa completa exige diálogo interno e esforço para encontrar equilíbrio.”
Entre os pilares desse conhecimento milenar está o princípio Jaqiñax yatiñaw, que significa “deves aprender a ser pessoa”. Outro pensamento profundo alerta: “Se tuas ações irritam os outros, é duvidoso que possas ser uma verdadeira pessoa.” E, claro, o trabalho comunitário é exaltado com o ditado ayllumpi aynimpix mayakiw, ou “a comunidade é um só corpo.”
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No mundo andino, há também aqueles com ajayu extraordinário, pessoas que carregam energias especiais capazes de curar e inspirar. Em um tempo de desconexão e pressa, a sabedoria do ajayu nos convida a desacelerar, a ouvir a energia que nos circunda e a nos reconectar com a essência da vida. Afinal, como dizem os sábios, o universo retribui em vibrações aquilo que emanamos para ele.